O que eu fiz durante a pandemia
Durante a pandemia, dediquei várias horas do meu dia para atender e ajudar os meus alunos que estavam passando por alguma dificuldade, algum problema. Foram horas, dias, noites, semanas, meses… de escuta.
Eram alunos que relatavam sentimentos, problemas de todos os tipos. Poucos, ou quase nunca, eles queriam falar sobre a tarefa escolar, sobre o assunto da aula ministrada. Muitos deles só queriam conversar, desabafar.
Eles me relatavam que não conseguiam superar as próprias dificuldades porque sentiam-se sufocados. Relataram-me, ainda, dificuldades e sentimentos que lhes tiravam as forças e a vontade de viver.
Frequentemente eles me relatavam problemas econômicos, amorosos, políticos, sociais. Ao longo desse trabalho, achei-os tão cheios de angústias, tristes, que não cabiam mais dentro de si, nem mesmo um bom conselho.
Aos poucos fui percebendo que os meus alunos e muitos dos pais dos meus alunos, que eu também passei a ouvi-los e ajudá-los durante a pandemia, só precisavam se esvaziar, desabafar, jogar conversa fora, de alguém para escutá-los.
Nesse período, eu aprendi que quem sofre precisa expor seus sentimentos. Muitas pessoas têm uma necessidade tremenda de revelar o que sente a seu companheiro, a seu amigo, a sua família, mas não sabem como. Não encontram espaço e nem pessoas dispostas a escutá-los.