Se não houver luz procure no escuro

Imagine você, o dia mais feliz da sua vida (até o presente momento), qualquer motivo que lhe traga felicidade lógica, a compra de um carro, uma casa, sua festa de casamento ou divórcio (a felicidade de cada um não se mensura por momentos dispersos, mas na incidência ou relevância destes). Agora imagine se por algum motivo, exatamente neste dia acontecesse algo muito ruim para a sua via, um falecimento de um ente querido, por exemplo, a luz de sua felicidade será automaticamente encoberta pela a escuridão da tristeza, pela impotência, pelo vazio ou ressentimento (são muitos sentimentos negativos que envolvem uma perda), mas o fato de perder alguém em um momento tão aguardado permanece, remoendo, corroendo, e por mais que a sua alegria possa ser justificada, sempre parece estar faltando algo. A felicidade é um momento de luz, segundo a doutrina espirita e a tristeza seria o oposto lógico, logo a perda (infelicidade) viria ser a escuridão, o que soa como preconceito racista, afirmar que neste caso a luz representa algo bom e a escuridão não, o que é bem comum em nossa sociedade.

Se por alguns segundos esquecermos que fato tão pavoroso nos contemplou para prestarmos atenção em nós mesmos ou em nossa felicidade momentânea, seremos certamente taxados de frios e insensíveis, por pessoas que não estão em nossa ótica dos acontecimentos, é sempre mais fácil apontar do que ser apontado. A perda demorará o tempo necessário até que novamente a luz nos volte a brilhar. Acostumamos a sempre pensar que somente após as coisas ruins é que virão coisas novas e boas, como se a ordem do universo respeitasse sempre um mesmo fator, a nossa felicidade. Jamais saberemos o que vem primeiro em nossas vidas, as alegrias ou as tristezas, sabemos apenas o momento que nos assola, mas gosto de pensar que na infância pouco ou quase nada são realmente motivos que nos entristecem para valer. Tudo na vida é e sempre será uma fase, inclusive ela mesma, indiferente de serem bons ou ruins tudo uma hora acaba dando inicio a novos eventos, não passa com o tempo, pois como falei, o tempo é apenas um processo pelo qual transitamos. Não devemos dar mais importância para o sofrimento do que ele realmente merece, por que isso pode acabar com a nossa gana e a busca se tornará obsoleta, além do fato de o “sofrimento” abarcar nossas opiniões baseada única e exclusivamente no medo do erro e consequentemente de sofrer, digo isso, não pensando em acabar com o luto ou torna-los insensíveis, o que é realmente impossível, mas lembra-los que sempre haverá momentos piores ou melhores, os quais não serão capazes de serem lembrados. A vida é uma sucessão de fatos e jamais teremos a certeza do quão importante ou traumatizante será o próximo baque.

A solução é simples, dar mais valor ao que se tem e menos ao que se perde. Isso também vale para a vida, pois damos muito mais prioridade ao dia de finados do que ao aniversário de alguém, então que façamos o melhor para os outros em vida e respeitemos suas memórias quando partirem. O sofrimento nesse caso é sempre inevitável e compreensível, mas um dia todo terá um fim inclusive a dor que parece interminável.

Robson Sckuro
Enviado por Robson Sckuro em 15/07/2022
Reeditado em 09/08/2022
Código do texto: T7560019
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