A Cosmogonia de Sailor Moon (2): a destruição do Reino Lunar

A COSMOGONIA DE SAILOR MOON (2): A DESTRUIÇÃO DO REINO LUNAR

Miguel Carqueija

 

Como vimos, a Rainha Serenidade (Serenity) expulsou do Milênio de Prata a Rainha Neherenia, que foi confinada no interior da Lua Morta, ou Lua das Trevas, como ficou conhecida. O incidente foi esquecido e, como um dia expressou Sailor Marte, elas o apagaram de suas memórias.

Passaram-se os anos e a Princesa Serenity, ou Serena, agora adolescente, acostumou-se a olhar das sacadas do Castelo Lunar a figura majestosa da Terra azul, com seus oceanos. Ela ficou conhecendo o Príncipe da Terra, Endymion, e por ele se apaixonou. Endymion era alto e forte, corajoso e galante, e o romance entre os dois foi terno e profundo; todavia acreditava-se num tabu, pelo qual seria contrária à vontade de Deus a união entre terrestres e selenitas.

Serena estava disposta a ignorar o tabu, do qual, no íntimo, não acreditava. O que ela não sabia é que certa cortesã da Terra, Beryl, que detinha poderes de feiticeira, ambicionava o jovem príncipe e odiou a Princesa da Lua Branca. Serena realizou diversas viagens à Terra, acompanhada pelas suas guardiães, para encontrar o seu amado. Mas nessa época, conforme explicaria muito tempo depois Artêmis, “a Terra foi atacada por uma mente maligna”. Metalia, um demônio poderoso, viera do Sol para Terra, todavia seu passado é desconhecido.

Metalia conseguiu seduzir Beryl, bem como os “shittenous”, os quatro auxiliares diretos de Endymion. Beryl intitulou-se rainha e uma rebelião começou na Terra, visando denunciar como espúria a aliança com a Lua. A arma divina de Serenity, o Sagrado Cristal de Prata, era visada.

Não sabemos quem eram os pais de Endymion ou se ele tinha irmãos. A história das origens de Endymion é obscura, todavia existe a teoria de que ele é na verdade o Sailor Terra, sendo portanto uma exceção, já que em geral só mulheres podem ser navegantes ou “sailors”.

O fato de Endymion dispor de alguns poderes corrobora essa teoria.

Em todo o caso, Endymion não conseguiu conter a rebelião e, abandonado pelos seus auxiliares, fugiu para a Lua e tentou avisar a princesa durante um baile no Castelo Lunar. Não sei por que razão ele não avisou a Rainha Serenity, a pessoa mais indicada para tomar imediatas providências de defesa. Pois o inimigo atacou de surpresa, mesmo durante a festa. Isso, conforme a versão do anime dos anos 90, mais geralmente conhecida no Brasil.

Não se sabe como se fazia a locomoção entre Terra e Lua, mas deviam existir astronaves. O poder do teleporte era exclusivo das navegantes.

O ataque pegou Serenity de surpresa e foi extremamente violento. As quatro navegantes (Mercúrio, Marte, Júpiter e Vênus) foram mortas e também o Príncipe Endymion e a Princesa Serena. As forças do Milênio de Prata resistiram como puderam, mas inutilmente, pois tudo foi arrasado e transformado em ruínas, inclusive o Castelo Lunar.

Só com os gatos lunares, Luna e Artemis, Serenity colocou o Sagrado Cristal de Prata no cetro e liberou aquela energia da luz, consciente de que iria morrer. A luz sagrada espalhou-se pelas ruínas do Milênio de Prata e anulou os poderes de Metalia e da Rainha Beryl, que ainda tentara pela última vez, mas sem êxito, seduzir o príncipe.

Todo o Reino Escuro liderado por Beryl sob a orientação de Metalia foi encapsulado numa estase e Serenity, agonizando sobre duas colunas que, transversas uma sobre a outra, configuravam uma cruz (símbolo evidente do sacrifício da rainha), com as forças que lhe restavam capturou as almas de Selene ou Serena, de Endymion e das quatro guardiães, projetando-as para o futuro longínquo e para a Terra do futuro, pois já não haveria vida na Lua.

A fortaleza divina da Lua, o Reino Lunar, deixava de existir, mas a força diabólica fôra detida à custa de elevadíssimo preço.

O poder do Cristal de Prata ainda colocou os dois gatos ainda vivos em ampolas místicas que foram igualmente lançadas ao futuro.

Assim terminou o reino místico da Lua, milhares de anos antes de Cristo.

A heroína japonesa Sailor Moon é criação de Naoko Takeushi, propriedade da criadora e da Editora Kodansha e da produtora cinematográfica Toei.

 

Rio de Janeiro, 5 e 6 de julho de 2022.