A mulher do vagão
demônios parte#
Trem em curso. Destino incerto. A mulher sentada no vagão, olha para o lado e decreta: esse é o lembrete da maldição. O túnel chegou, a luz apagou. Do outro lado, nem mais mulher sentada no vagão, nem mais mulher na direção. O trem fantasma avança na escuridão. Luz, sombra, luz, sombra, luz, sombra até as intermitências do tempo se esgotarem. Ela tinha pregada em seus olhos peças de pesadelo e sumiu num lapso do abandono. Engolida pela própria maldição, agora vagueia de pesadelo em pesadelo. Nenhum passageiro pode fechar os olhos. A viagem segue e os bancos dos vagão estão vazios. As regras ressacam os olhos abertos à procura de luz na escuridão. A falta da mulher não é sentida nem por quem esteve ao seu lado. A mulher oca é só mais uma no vagão vazio até o destino do que falta.