Casa grande e senzala no Brasil de hoje.
Jorge Linhaça
Entender o quanto o sistema social brasileiro contemporâneo se assemelha ao colonialismo escravagista é importante para perceber a realidade estrutural e a criação de um sistema de castas em nossa sociedade.
A economia nacional no Brasil colônia sempre foi extrativista e agrícola. Exploravam- se as riquezas naturais e as monoculturas através de mão de obra escrava, fosse nos garimpos, na prostituição, ou nas lavouras sob a chibata.
Haviam escravos que eram “ privilegiados” por servirem na casa grande ou como escravos de ganho o que raramente lhes resultava em açoites no tronco, e que, por isso mesmo se sentiam em situação de superioridade aos trabalhadores braçais ( como certos “ negros de estimação” de alguns políticos). Independente, entretanto, de seu trabalho, eram apenas ferramentas pra gerar riqueza e poder para seus senhores. Assim que perdiam a serventia eram descartados.
Com a “ abolição de escravatura” milhões de escravos foram “ jogados no mundo” sem moradia, educação, fonte de renda, alimentação e etc.
Para os senhores o prejuízo foi bem menor do que se imagina, podiam agora contratar mão de obra sem se preocupar com manter moradia ou alimentação para os ex-escravos ou homens livres , podiam pagar o quanto quisessem e na verdade não tinham mais a dor de cabeça de se preocupar com “ negros fujões” e com a pressão internacional.
Passaram- se os séculos e todos os processos de industrialização do Brasil foram sendo sistematicamente sabotados para privilegiar o tal agronegócio. O resultado nós presenciamos na pandemia. O Brasil tendo de importar EPI, testes, respiradores e outras coisas que poderiam e deveriam ser produzidas em um país de dimensões continentais.
O trabalhador brasileiro, além de ser dos que menos recebe entre grandes nações é o que paga caro por produtos essenciais. Na verdade a maioria dos trabalhadores continua trabalhando em troca de “ casa e comida” como na escravidão. O governo atual, não contente com isso, nas reformas trabalhistas e previdenciária, piorou a situação do empregado.
Claro que algumas “ castas” formadas ultimamente, recebem regalias negadas ao simples mortal que gera mas não participa da riqueza gerada.
Neste governo estamos criando a casta dos pastores neopentecostais.
(Que na Índia seriam os Brâmanes)
A dos militares privilegiados. ( seriam os xátrias indianos)
Os grandes comerciantes de comodities ( os vaicias)
O povo em geral ( os sudras )
E os miseráveis (párias ou dalits)
Por incrível que pareça, a alienação de parte de nossa sociedade é tamanha que são incapazes de perceber tais coisas.
Falta de estudo? Falta de conhecimento? Falta de vontade? Na verdade são vítimas de um sistema que privilegia o conhecimento para uns poucos “ escolhidos” e combate a democratização do acesso ao ensino superior ou ensino médio de qualidade.
Qualquer ensino técnico ou profissionalizante praticamente reflete os escravos de ganho. Prepara a pessoa para o mercado de trabalho mas não ensina a pensar. Assim como os escravos de ganho, o cidadão trabalha e fica com a menor parte da riqueza gerada.
Claro que muito mais poderia ser dito e este texto é apenas um esboço geral de uma situação. Mas pode ao menos despertar a curiosidade de alguns em buscar conhecer um pouco mais do que foi aqui pincelado.
Se isso acontecer o objetivo terá sido alcançado.