Cinturão das Milícias

Cinturão das Milícias

Félix Maier

13/06/2022

Nos EUA, existem o Cinturão do Milho (Corn Belt), no meio-oeste, o Cinturão do Sol (Sun Belt), no sul do país, que incrementa o turismo, desde a Califórnia até a Flórida, e até o Cinturão da Ferrugem (Rust Belt), na Região dos Grandes Lagos, que se tornou decadente a partir da década de 1970, devido ao sucateamento da indústria metal-mecânica, com destaque para Detroit, no Michigan, que teve sua população drasticamente reduzida e chegou a decretar falência após a crise financeira de 2008.

No Brasil, também podemos falar em “cinturões de grãos”, especialmente nos Estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Goiás, Paraná e Rio Grande do Sul, que abastecem de soja e milho o Brasil e o mundo. Também temos “cinturões verdes” em áreas metropolitanas, como São Paulo, que servem tanto para preservação ambiental, como para a produção de hortifrutis para o consumo local.

Infelizmente, temos também no Brasil os “cinturões de favelas”, que hoje estrangulam todas as regiões metropolitanas do País, os quais são uma herança da época do fim da escravidão no Brasil, quando os negros foram deixados à própria sorte, e que cresceram em progressão geométrica a partir dos anos de 1950, com o êxodo rural em massa. Machado de Assis, o mais importante escritor brasileiro, nasceu e cresceu nas ladeiras do Morro do Livramento, no centro do Rio de Janeiro.

No Rio, as favelas foram se estendendo do centro para a região Oeste e, posteriormente, também para cidades da Baixada Fluminense. Com o advento do Governo de Leonel Brizola, eleito em 1982 e 1990, a cidade do Rio de Janeiro começou a ser tomado maciçamente por grupos de traficantes de armas e drogas, pois o governador proibia a PM de subir o morro. “Briza”, na época, era sinônimo de cocaína. Era atrás de uma trouxinha de “briza”, que então custava uma quina (Cr$ 5,00?), que a filha do governador, Neusinha Brizola, subia o morro e arranjava encrenca com a polícia e o pai.

Nas últimas décadas, traficantes de drogas passaram a competir com milícias paramilitares, de modo a estrangular toda a Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Hoje, essa dupla bandida está se apossando de várias cidades do País, não sendo exagero dizer que já estão também apertando sua pinça em torno de Brasília, a partir do Entorno.

Como exemplo de milícias paramilitares, podemos citar as Patrulhas Armadas Civis (PAC), da Guatemala; Patrulhas Cantonais (El Salvador); Rondas Campesinas (Peru); Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC). Esses grupos foram formados, historicamente, para fazer frente aos movimentos marxistas revolucionários que desgraçaram esses países, com ou sem apoio do governo constituído. “Fernando Cubides, um dos maiores especialistas colombianos nessa questão, define os movimentos paramilitares como ‘grupos armados que, à margem das normas e convenções do direito de guerra, combatem a insurgência persuadidos de que as armas e os recursos do Estado não podem fazê-lo com eficácia’ ” (LEONGÓMEZ, 2006: 91).

A tendência desses grupos armados, que agem fora da lei, é se tornarem ainda mais ferozes e letais do que os grupos insurgentes que diziam combater.

A mesma expressão - grupos paramilitares - se aplica às milícias do Rio de Janeiro, compostas por militares e ex-militares, que inicialmente diziam combater os narcotraficantes e hoje competem com eles na venda de drogas e armas, e “serviços” às populações das “comunidades”, como transporte público (vans piratas, mototáxi), monopólio na entrega de gás, “gatolight” (roubo de energia elétrica), “gatonet” (roubo de sinal de TV a cabo), venda de água furtada da Cedae, venda de produtos roubados de carros de transporte, sequestro de torres de comunicações e de celular, grilagem de terras e construções de prédios que desabam e matam etc. Além do promissor moto delivery, de entrega de drogas e produtos roubados para o asfalto e os condomínios.

Em 1995, a cúpula da Polícia Civil do Rio de Janeiro avaliou que apenas 20% dos policiais da instituição eram confiáveis; dos 12 mil policiais, 9,6 mil eram suspeitos. Com salários baixos, sob violenta pressão diária em missões nas favelas, debaixo de forte tiroteio, aliada à pressão psicológica para se corromper, seja por parte dos traficantes, seja por parte das milícias, maus policiais são atraídos facilmente para esses dois tipos de grupos criminosos.

Segundo reportagem do Correio Braziliense (https://www.correiobraziliense.com.br/brasil/2020/10/4883182-milicias-controlam-57--do-territorio-do-rio-de-janeiro-informa-estudo.html ), no município do Rio de Janeiro as milícias já ocupam território maior do que o dos traficantes - 57,5% do território - em que 2,2 milhões de habitantes estão subjugados por milicianos, enquanto as facções criminosas dominam um território menor, porém mais populoso: Comando Vermelho (11,4%), Terceiro Comando (3,7%) e Amigo dos Amigos (0,3%).

Esse aperto de pinça das milícias, que asfixiam a Região Metropolitana do Rio de Janeiro, passou a ter tendência de alta, principalmente depois que o mais militante dos “7 líderes do PT no STF”, Edson Fachin, proibiu, em 6 de junho de 2020, a PM de realizar ações nos morros cariocas, durante a pandemia da Covid-19. O STF garantiu que somente em 2022 definirá as condições para que a Polícia possa novamente realizar ações nas favelas do Rio.

Apesar dessas restrições do STF, a Polícia do Rio realizou uma operação no Jacarezinho, em 6 de maio de 2021, para apreensão de bandidos, armas e drogas, quando houve a morte de 27 bandidos e 1 policial. Foi a ação mais letal da polícia carioca em toda sua história, fato lamentado por políticos e artistas da extrema esquerda, como o PSol. “Movimentos Sociais” chegaram até a construir um Memorial no Jacarezinho, em 2022, com o nome dos 28 mortos, verdadeira “apologia ao tráfico”, que foi destruído a marretadas pela polícia, com auxílio de um “caveirão”.

A segunda ação mais letal da polícia também ocorreu no Rio durante a pandemia da Peste da China, para desgosto do pessoal da extrema esquerda e do militante petista do STF. No dia 27 de maio de 2022, uma operação militar, envolvendo a Polícia Militar, a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal, acarretou a morte de 23 bandidos na Vila Cruzeiro, que entraram em confronto com os agentes públicos portando armas de guerra.

Como de costume, os “Petistérios Públicos”, estadual e federal, abriram investigações para apurar as condutas dos policiais, não dos bandidos mortos. Depois da operação policial na Vila Cruzeiro, até o ministro do STF, Luiz Fux, disse que a PM “deve satisfações, eu estou aguardando essas satisfações”.

Fux quer explicações da PM, sobre a morte de traficantes na Vila Cruzeiro. Taí uma boa explicação (https://www.facebook.com/felixmaier1950/posts/3467375226825567 ).

No Rio de Janeiro, o futuro às milícias pertence.

Nota:

LEONGÓMEZ, Eduardo Pizarro. Uma democracia sitiada - Balanço e perspectivas do conflito armado na Colômbia. Bibliex, Rio, 2006 (Tradução de Alfredo Rubinato Rodrigues de Sousa).

#STFVergonhaMundial

#7LideresDoPTnoSTF