O QUE É O SER HUMANO?
Certas pessoas podem ter tudo (comida, casa, conforto, status, dinheiro de sobra, influência, etc) e, ainda assim, podem não ter nada, quanto mais uma razão para continuarem vivas e lutarem! E, por outro lado, existem pessoas que pode não ter absolutamente nada e, mesmo assim, conservam uma motivação para triunfarem e uma riqueza no seu modo de ser forte o suficiente para desfiarem qualquer fatalidade, desolação e niilismo num tempo árduo para a esperança da alma.
No homem, existe uma fome que dificilmente pode ser satisfeita através de paliativos, situações anestesiantes, modismos e imediatismos. Isso só me leva a pensar que a fecundidade de um ser humano, só se torna possível por meio das riquezas que ele tem no coração, dos sentidos que consegue descobrir para se orientar, da poesia que ele traz na sua alma e irradia para o seu mundo, e dos sacrifícios que o mesmo pode fazer em prol do que ama e valoriza.
Tudo o que se desenrola de significativo em nossa vida vai ser determinante de acordo com o que somos capazes de fazer de nossa existência, como já bem enfatizava Sartre; podemos, de acordo com nosso potencial de transformação interior, tirar experiências valiosas de nosso sofrimento e das condições às vezes não tão oportunas! Tudo vai depender, enfim, de cada ser humano na sua própria singularidade para fazer ou não a diferença no meio em que vive, ainda que pouco se possa fazer numa era cheia de catástrofes e barbaridades!
O ser humano é o ser que tem a transcendência no foro de seu ser a fim de brilhar a luz de sua alma em face do seu mundo circundante, transcendência essa que pode gerar a mais bela lírica diante da dor e da morte, bem como ante o amor, a fé, a paixão e a felicidade. O ser humano é aquele que pode escolher o niilismo como fonte de inspiração e poesia (fazer dele a sua cama e o seu estilo); mas também é aquele que pode decidir pela oração, por uma vida de louvores e gratidão, e pelo amor divino como manancial de sabedoria e redenção de sua alma e de sua existência.
Como bem dizia muito bem o psicólogo e psiquiatra Vitor Frankl num de seus textos consagrados a sua prática terapêutica: "Se nos perguntarmos sobre a experiência que fizemos nos campos de concentração- nesta experiência no abismo-, então é possível deduzir como a quintessência de tudo aquilo que foi por nós vivenciado o seguinte: nós conhecemos o homem tal como talvez nenhuma outra geração até aqui o tenha feito. O que é, portanto, o homem? Ele é o ser, que inventou a câmera de gás , mas também é ao mesmo tempo o ser que entrou na câmera de gás com a cabeça orgulhosamente erguida e com o pai nosso nos lábios ou com Sch'ma Israel".