AMOR EGÓICO
Me desencontrei da gata siamesa
Vi que nada tinha que me prendesse
É linda mais é como vela apagada
Nunca sei quando na escuridão
Vou precisar dela acesa…
Tem muitas cicatrizes de terceiros
E eu não serei o seu quarto paradeiro
Comigo a mulher é que nem travesseiro
Vive na minha cabeça sonhando
Sem que eu acorde num pesadelo…
De onde saí nao volto mais
Mais acho que isto é contraditório
A lágrima não volta pros olhos
Mais o colírio é aliado compulsório
Muito mais amigo do que os paliativos rivais…que me deixam com olhos vermelhos
Suas coxas macias como nuvens de neon
Seus seios dois pássaros emplumados
Sua pele eriçada
Sua boca encarnada marron bombom
Seus cabelos lindas cataratas
Suas mãos duas estrelas cadentes
Sua língua corrente do bem
Seus dentes de marfim
Seus pés lírios de jardim
Sua fala sussurros de jasmim
Ela é a aquarela de meu himeneu
Tudo nela é puro conteúdo
E nela só me falta eu…
Mais quem muito em prece pede
Quase nunca nada oferece
Como sua provação
A não ser daquilo que mais padece
A solidão…