UMA PALAVRA COM NOSSOS COLEGAS PROFESSORES
*Aires José Pereira
O atual modo de produção capitalista periférico adotado pela a grande maioria dos países do mundo, inclusive o Brasil, onde a desigualdade social impera em nome do crescimento econômico desenfreado. Onde uns poucos possuem tudo e muitos nada ou quase nada possuem. Onde o pensar verdadeiro está sistematicamente perdendo espaço para a “preguiça do pensar”, há uma luz no fim do túnel. Esta luz se chama Educação. Mas para que ela de fato trilhe os caminhos que nos guiem para o desenvolvimento social, intelectual, ambiental, ético, estético, histórico, cultural, geográfico, filosófico melhor que o quadro atual é necessário que nossos professores sejam audaciosos, criteriosos, estudiosos, poetas, pescadores e jardineiros do saber.
Quando afirmo que os professores precisam/devem ser/estar cientes desses desafios, estou querendo dizer que ao professor não basta transmitir conhecimento pronto e acabado. O professor deve também produzir conhecimento com seus próprios alunos de forma crítica e coerente com a sua própria realidade inserida no mundo global.
O professor precisa/deve ter/ser poeta, pois o poeta é um sonhador. Quem não sonha já morreu. Temos que ter esperança. Precisamos acreditar naquilo que fazemos para fazer com que nossos alunos também tenham sonhos. O professor também precisa ser/estar jardineiro porque o jardineiro cuida de seu jardim. O jardim do professor é a sua classe cheia de alunos sedentos (ou não) de conhecimento. O professor deve ser/estar pescador porque esse pescador (estou me referindo ao pescador artesanal que fica na beira/barranco do rico pescando com anzol) fica o dia inteiro tentando pescar muitos peixes e se ele só pega um, mesmo assim volta para o barraco totalmente satisfeito, pois a sua paciência o permite isto.
Quero dizer então que tanto o poeta, quanto o jardineiro ou mesmo o pescador, tem as características de um excelente professor. Ou melhor, o excelente professor deve ter a paciência do pescador, o cuidado do jardineiro e o sonho do poeta para assim exercer sua profissão com êxito. Qual de nós não se lembra dos bons professores que nos deram verdadeiras aulas de cidadania, de companheirismo, de amizade, de sinceridade, de alegria (mesmo nos momentos difíceis), é claro, além dos conteúdos programáticos?
A Educação é uma descoberta infinita, portanto não pode ficar presa aos conteúdos programáticos sem nexos com a realidade do educando. A educação que não transforma não serve para quase nada, a não ser para titular as pessoas que continuam sem quase nada saber, pois nada do espaço que “teoricamente” aprendeu é aplicado na prática.
É preciso levar nossos educandos a um pensamento menos alienante que o esse atual capitalista consumista que não respeita ninguém. O sistema capitalista torna-nos consumidores de ideias que não são nossas. O capitalismo nos aliena a ponto de acharmos que o mundo sempre foi assim e que assim vai ficar. O fatalismo do “não tem jeito mais”. “Deus quis assim, assim seja”. Então cabe aos professores incumbência de desmascarar/(des)camuflar/desvendar essas máscaras de gelo que não são nossas.
É uma tarefa difícil, árdua, mas vale à pena tentar. Só assim estaremos contribuindo para a transformação das futuras gerações.
*Aires José Pereira é graduado e especialista em Geografia pela UFMT, mestre em Planejamento Urbano pela FAU-UnB, Dr. em Geografia pela UFU. É escritor com 18 livros publicados. É professor Associado I no curso de Geografia na UFR. É coautor do Hino Oficial de Rondonópolis. É membro efetivo da Academia de Letras de Araguaína e Norte Tocantinense.