A semente
Com alacridade a semente acolhida inicia-se o processo. Terra preparada espera a colher espigas. Alguns dias de silêncio e expectativa. Dedos e mente desconexos dos velhos mergulhados em ondas cerebrais. Medo e muitas tarefas pendentes e pensadas, que danificam as digitais, impedindo a visualização e o horizontalizar de uma pequena conversa.
A semente ainda continuava acolhida, e o velho friamente disse: - As expectativas sobre o futuro amordaçam as palavras e os pensamentos. A mente fica presa no horizonte que nunca chega. Mais que medo, as incertezas nos aprisionam. A liberdade de falar sobre o que se não vê, mas se espera, está na certeza do encontro dos que acham ninguém.
Aquele que jogou a semente tomou a palavra e disse: - O silêncio, ainda teimoso, persiste entre os outros. Aquele velho amigo, pensa estar preso no medo e nas incertezas, e às vezes não consegue verbalizar as palavras e os pensamentos. É apenas o grito inspirado e provocado, esse desabafo o torna cada vez mais confiante no que há de vir. O silêncio é uma matéria prima para registrar provocações.
A semente e o silêncio se encontraram e rompeu se o embrião e em alguns dias a ramada cresceu sobre a estrutura de metal retorcida, produziu folhas e sombreou as nossas cabeças. O medo já não existia e o calor fora amenizado e agora era possível pensar e a pequena conversa se estendeu até o final do dia.