O Conceito de Objeto de Arte, uma Relativização Moderna

Tema – Arte e Sociedade

Objetos de certo valor estético, têm sido concebidos pelos humanos já em eras imemoriais. Em períodos do paleolítico, para sermos um pouco mais assertivos e ter um marco temporal; o que hoje julgamos esteticamente como arte, já se materializava em objetos multivariados para uma gama múltipla e diversificada de utilidades, e pinturas denominadas atualmente como “rupestres” em rochosas cavernas. O pensamento simbólico, presente no homem, indubitavelmente foi o agente promotor de tamanho engenho e fértil imaginação.

Entretanto é importante ressaltar que; no tocante à utilidade dos artefatos de nossos antepassados, que na contemporaneidade classificamos de forma arbitrária como arte, certamente foram fabricados para outras utilidades, totalmente fora do espectro do ato contemplativo, de que atualmente utilizamo-los. Há de se considerar obstante que, muitos objetos de arte foram retirados do seu ambiente original, eliminando assim a contextualização da sua existência e concepção, pode-se dizer que “a cena foi adulterada”. E transportados para museus, a fim de serem aí sim classificados como arte, advinda e engenhada por uma determinada civilização, e exposta à visitação e rejubilo público. Tampouco e aqui considerando os hominídeos pré-históricos e cavernícolas principalmente, perdeu-se todo o fio condutor de tradição e ligação cultural pertinaz à sua existência, com o homem moderno, certamente “mudados” e ajustamos a forma que “vemos o mundo”. E evidentemente desconhecesse praticamente na totalidade, qual à objetivação da concepção de objetos rupestres e que hoje jazem nas pinturas em cavernas ricamente ornadas e exposições museológicas mundo afora.

Levando em conta que o objeto de arte, para ser classificado como tal, necessita ter uma objetivação de cunho estética, isto é, já na sua concepção, trás no seu bojo um certo regramento e planeamento estético. Intui, que a arte objeta, sem sombra de dúvida despertar o olhar contemplativo e imaginativo do observador, conduzindo-o para novas realidades e guiando-o para novos pensamentos. Não se pode classificar como artefatos de arte, a grande e imensa maioria de objetos/produtos que garimpamos no passado, oriundos de civilizações e povos remotos, que repousam mas brumas densas do tempo.

A finalidade estética que damos na atualidade, pertinente a uma escultura grega finamente executada, que objetava perpetuar à memória de um indivíduo, ou glorificar um deus olímpico, tem finalidade totalmente diametral ao atual. Não se quer minimizar e desconsiderar o fervente e fértil impulso estético clássico grego, mas sim, colocar às questões conceituais sob uma superfície clarificativa nítida e ontológica. A cultura greco-romana clássica por exemplo, via a arte com fins práticos e definia beleza com os olhos da razão, onde à eficácia e o propósito eram os eixos principais. Portanto se era útil eficaz e planejado, classificava-se com arte dotada de beleza e digna de consideração. Não havia portanto a questão que atualmente vemos na concepção conceitual de arte, o prazer pelo prazer da contemplação. Para sermos claros, à abstração artística que somos imergidos e regozijamos em suaves sensações.

Fonte: Estática e Teoria da Arte – Harold Osborne

Daniel Marin
Enviado por Daniel Marin em 21/05/2022
Código do texto: T7521085
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