CONSCIÊNCIA, SABER E VERDADE

A consciência é o saber que temos a respeito de quem somos, do que somos e de como somos no mundo; é o resultado do que interpretamos a partir de nossas vivências com os demais seres humanos e outros entes de nosso entorno. No entanto, é sempre a partir de nossa própria perspectiva limitada e visão de mundo que nos sentimos mais confortáveis e seguros para discorrermos sobre a vida, o ser, a alma e tantos outros mistérios que nos cercam. Ainda assim é uma forma reduzida e ínfima para falarmos de tantas complexidades da vida!

Transcender a isso (no sentido de um maior enriquecimento intelectual) só é possível quando somos humildes para confrontar o nosso humilde saber com outros saberes de ordem superior, nos quais podem nos ajudar a obtermos um saber a respeito até de nós mesmos, onde o que está em jogo é o nosso aprimoramento desde a nossa dimensão ética até o nosso aspecto intelectual e existencial. Tal gesto de humildade é um despertar para uma vida em busca de opulência no amor irrestrito a sabedoria.

Qualquer saber que busque nos orientar em meio ao caos da vida moderna, precisa também nos ajudar em nosso processo de autoconhecimento e também se quiser iluminar as demais esferas do humano mais rebuscadas e complexas.

Um saber sólido não consiste só no conhecimento da cultura que herdamos, dos volumes de livros que estudamos, o que não deixa de ser uma vivência que agrega muito conteúdo; mas também dos sentidos que permeiam a nossa história de vida, de nossas dificuldades pessoais ou interpessoais, de nossos sintomas como sinais de nossas experiências de vida e de nossos anseios e planos que orientam o nosso modo de agir e de viver. Tal consciência, que faz vir a luz quem somos e o que de fato queremos, pode ser um indicador de que conseguimos encontrar una razão para as nossas lutas e obter uma sabedoria acerca de nosso processo de desenvolvimento interior e espiritual.

É somente através do diálogo entre o que sabemos e o que poderemos ainda vir a saber através de nossos estudos, relações, leituras e demais vivências, que somos desafiados a ampliar a nossa perspectiva e circunvisão, agregando muito em sabedoria, conhecimento, bagagem filosófica e intuições fundamentais sobre a nossa existência.

E mesmo dessa forma, é fácil nos darmos conta de que quase nada sabemos! Sempre viveremos em volta de um universo inconsciente e recondito de nossa faculdade consciente e perceptiva.

Na verdade, toda luz de conhecimento começa através de um diálogo fecundo e sincero entre o que sabemos e o que não sabemos (mas que almejamos saber); uma dialética constante entre o ser e o não-ser que dá a mobilidade para os nossos belos voos de entendimento da vida, de outrem e de nós mesmos. Esse não-conhecimento certamente é o que pode vir a se tornar conhecimento; esse que não é conhecido, que não veio a luz, pode ser por nós bem conhecido através de uma busca que almeja não necessariamente o poder, mas a humildade da sabedoria que nos dá a chave para o que há de mais nobre e verdadeiro na alma.

Alessandro Nogueira
Enviado por Alessandro Nogueira em 13/05/2022
Reeditado em 15/05/2022
Código do texto: T7515418
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