Ele
Apreciava aquele cheiro, uma certa doçura que dele emanava. Amava o cheiro indiferente à mudança de perfumes: era o cheiro DELE, uma mistura de ódio, cigarro e amor (se o amor tem cheiro, é esse). Namorava a aura maculada mas nele existia certa pureza encontrada.
Ela parecia não viver na selva em que ele habitava. E de alguma forma, os passos a conduziram além.
‘É preciso ver além, é preciso sempre ver além’. Os olhos descortinaram-se e não sabia mais serem seus olhos ou a imagem dele.
Ele lembrava poesia, “a cada passo, uma flor desabrochando, a cada movimento, um pássaro, um pássaro azul no peito”.
Como alguém mantém a calma nesta vida de maldades veladas com tanto bel-prazer?
Ele seria dela? Desconfiava, ela era dele. E ele não podia ver ou não se importava. Permanecia com ar de superior independência - independência de flor selvagem - mesmo tendo a medida exata dela.