TEOCRACIA É ISSO AÍ!

*Por Antônio F. Bispo

• 1 kg de ouro como propina.

• “Atravessadores ungidos” para “facilitar” o acesso aos serviços públicos essenciais.

• Vendas de bíblias superfaturadas.

• Sigilo de 100 anos sobre o conteúdo tratado nas reuniões com o atual presidente (dizem que Jesus falava abertamente às lideranças do seu tempo, quanto ao povão).

• Sede insaciável de poder, dinheiro, reconhecimento social e obediência pública à toda uma hierarquia (corja) de correligionários.

• Vitimização pessoal e manipulação dos fatos quando pegos em fragrante delito ou quando em ato de extrema hipocrisia são vistos fazendo justamente aquilo que condena nos outros.

• Desejo de calar, censurar, prender e até exterminar qualquer um que “se levante contra os ungidos de deus” e suas formas corruptas de verem o mundo.

• Desejo de impor à força aos outros nãos apenas os seus dogmas e crenças, bem como suas próprias opções políticas, tendo como primazia seu lucro pessoal.

• Desejo explícito ou implícito de exterminar qualquer forma de culto que não seja ao “deus verdadeiro”.

• Desejo de monopolizar os meios de comunicação, de modo que corrobore apenas para o crescimento de seus próprios ideais.

• Terceirização da culpa para o diabo, o comunismo, o socialismo e partidos de esquerdas todas as vezes que seus projetos (de interesses pessoais) fracassarem.

• Desejo de exterminar, silenciar ou desmoralizar seus próprios companheiros de carreira ou fé, quando estes exercendo o mesmo direito de liberdade e expressão, optam por um outro candidato que não seja o “escolhido de deus”.

• Necessidade de rotular como “santo” ou “amigo da igreja” qualquer um que lhes tragam lucros ou que facilitem o tráfico de influência entre os mais poderosos que eles, principalmente aos do meio político e midiático. Se esta pessoa for ativa ou inativa do mundo do crime, da política, do estrelismos midiático ou de qualquer segmento que agregue lucros ou seguidores para o projeto pessoal dessas lideranças religiosas, esta será sempre uma pessoa de deus, enviada por deus ou que luta em favor de sua obra.

• Necessidade de demonizar qualquer pessoa que não concorde em colaborar com a obra de deus (projeto pessoal de um pastor); que afirme publicamente que um líder religioso é uma pessoa comum e sem poderes místicos, um mero mortal entre os demais humano e que por isso não deve ser tratado como deus ou celebridade. Este automaticamente será tratado como “pessoa do diabo”, ateu, pessoa sem deus e herege. O mesmo também vale para qualquer um que afirme que diante de crimes ou delitos, um pastor dever ser julgado e condenado por humanos como sendo humano e não por uma comissão divina no dia do juízo final com foro privilegiado como se fossem deuses (como eles mesmo alegam tal privilégio)!

....

Essa lista de fatos descritos parece ser parte do roteiro de um filme sobre alguma máfia mundial ou sobre a inquisição católica, porem, retrata de forma mínima o que tem acontecido (segundo algumas reportagens) ou poderá acontecer em breve caso o número de “ungidos” continuem atuando de forma direta no congresso nacional.

Teocracia é isso aí: um acumulo exagerado de hipócritas religiosos ocupando o poder público, manipulando a política, os crentes e não crentes de uma determinada fé, influenciando-os para que por meio de uma falsa modéstia possam obter privilégios pessoais em detrimento do prejuízo de todo um povo.

É um estágio de deturpação social tão profundo que até mesmo a corrupção aberta e a inversão dos valores e papeis sejam vistos de formas aceitáveis e naturais quando feitas em nome de deus ou por um representante seu.

Usar dos cargos públicos para extorquir, oprimir, enganar, intimidar ou coagir quem quer que seja é crime em qualquer lugar do mundo, inclusive este ato é condenado pela própria bíblia. Porém, se tais atos forem feitos por uma “pessoa de deus”, à “mando de deus” ou sem seu favor, esse ato será visto como uma grande devoção e não como um delito ou pecado.

- “Se Jacó, que era um patriarca de deus “foi esperto” para obter poder e prosperidade ludibriando seu próprio sogro, nós também o seremos”!

É isso que dizem algumas lideranças religiosas corruptas e corruptoras do nosso grande país. O que no passado era motivo de vergonha, hoje é uma honra.

- “Vergonha é ser besta de não aproveitar a oportunidade que deus está nos dando”!

Isso é o que diz a outra ala dos “espertinhos do senhor”!

Entre os evangélicos brasileiros, fica evidente que o lado que pende para o pentecostalismo e os adeptos da teologia da prosperidade desejam que igreja evangélica em nosso país, seja para o mundo aquilo que a igreja católica foi por cerca de 10 séculos durante a idade média.

Monopólio do poder, da opressão, da avareza, da ignorância, da ganancia, da soberba, do cinismo, da corrupção, da miséria, das torturas físicas e psicológicas (aos do contra) ... não esperem nada mais que isso, caso o números de “ungidos” venham aumentar no parlamento de qualquer nação onde “deus reina acima de tudo”.

A igreja é como um estado parasita alimentando-se de outro estado. Só que a sede de poder de alguns líderes religiosos chega a ser tão grande que não percebem que se morrendo o hospedeiro, morre-se também o hóspede.

O poder público é como uma viúva nova, rica e bonita: a malandragem a quererá não apenas pelo corpo, mas pelo poder e dinheiro que esta possui.

Outro ponto importante que as igrejas ocultam: o “amor de deus” por um povo, sempre fora equivalente aos recursos que tal povo pudesse oferecer em mão de obra servil, escrava ou barata, ou por aquilo que estava no solo, bem embaixo dos pés do povo “amado por deus”, cujo amor era tanto que fizera enviar os seus servos para “os guiar e os salvar”.

Quando lideranças religiosas conseguem fazer de cavalo os governantes de grandes nações a situação piora, pois além de interferir diretamente nas liberdades locais, esse mesmo domínio se estenderá para outros povos, à medida que o poderio bélico ou econômico dessa nação expandir (caso venha se expandir).

Entre tantos desejos infantis e surreais de uma pessoa “cheia de deus e que anda segundo sua vontade”, o sonho de uma TEOCRACIA é o mais mirabolante entre eles.

Entre os que acreditam nisso há os UTÓPICOS, os que imaginam que um dia o cristo deles, um galileu crucificado, virá à terra outra vez para reinar sobre todo o globo sem resistência alguma e as pessoas concordarão em servi-lo humildemente, como se a natureza humana pudesse ser transformada da água para o vinho com uma simples aparição celestial de um homem das mãos furadas, cavalgando um cavalo branco.

Milhares de anos de evolução e involução, de guerras, de conflitos, de influência de sociedades secretas, de partidos políticos, de milhares de igrejas, de sistemas econômicos e religiosos...e por simples aparição a natureza humana será transformada. Que doideira!

Estes acreditam que nesse reinado tudo será paz e tranquilidade por pelo menos mil anos consecutivos. Eles afirmam que este será um mundo lindo e perfeito com tal de governo teocrático. O retrato desse cenário delirante tem sido feito há mais de cem anos por algumas publicações sabatistas e das Torre de Vigia.

O outro lado desse grupo, o que considero particularmente como os PERVERTIDOS DE CRISTO, sabem que a natureza humana ou a sociedade como um todo não mudaria assim tão fácil por um simples decreto, mesmo sendo um de natureza divina.

Sabem que os mais fortes sempre imperam sobre os mais fracos e que os mais preparados conduzem suas prezas para abatedouro ou à uma escravidão perpétua...

Enquanto que os utópicos fantasiam uma paz mundial, estando eles inseridos nesse contexto harmônico de humanos, animais e toda natureza, os pervertidos sonham em punir severamente aos que não fizerem alianças como o “deus verdadeiro” (no caso, o deus que eles acham ser). Eles sabem que de modo natural muitos povos, líderes mundiais e seitas religiosas não fariam acordo como seu suposto messias e seriam de imediato punidos, escravizados ou incinerados.

Essa ala diabólica dos santos sonha com esse grande momento, do dia em que montados em um cavalo alado, soltando raios cósmicos sobre seus inimigos ou sob o comando de uma poderosa brigada militar, poderão dizimar vilarejos inteiros em nome de deus, como ocorrera dezenas de vezes no antigo testamento.

Que delícia, não é mesmo?

Depois dizem que endiabrados são os que não acreditam em deus! Penso que endiabrado são os que crendo nele, valem-se do folclore popular, dos recursos naturais, dos públicos e dos privados para subtrair a paz, a vida ou os recursos alheios.

O mais cômico disso tudo é perceber que um povo deslocado do seu tempo, época, costume e consanguinidade a exemplo do povo brasileiro, julga que um messias hebreu, nascido judeu, que condenou a veneração de múltiplos deuses ou de figuras humanas (celebridades religiosas) seria o seu guia e o seu capitão nessa empreitada celestial com o intuito de destruir os idolatras e “pecadores”!

Quem seria tais idolatras e pecadores? Eles mesmos, claro!

Kkkk....É pra rir ou pra chorar? Além de pervertidos (que sentem prazer na dor e sofrimento alheio), esses “pensadores” fazem papel de burros, almejando por aquele que lhes causaria sua própria aniquilação. Esse é sem dúvida o cúmulo da estupidez!

Caso o que está escrito na bíblia fosse mesmo verdadeiro, caso houvesse uma promessa desse tipo para um determinado povo, este por sua vez não seria o nosso povo e sim um outro, os judeus, os próprios que inventaram e cultivaram tais personagens folclóricos...

Acontece que ao aliar-se a um segmento religioso, não importando qual seja este, o processo de sanidade de qualquer indivíduo torna-se severamente comprometido do mesmo modo que um aparelho cibernético fica quando é pego por algum spyware ou qualquer outro vírus danoso.

Os sentidos humanos ficam confusos e os maiores e mais maléficos instintos humanos poderão vir à tona quando “infectados” por um segmento religioso, principalmente os mais ortodoxos ou fanáticos. Tais sentimentos, ações emoções geradas no processo religioso, por mais sórdida que seja, serão interpretadas como virtudes por aqueles que integram sua bolha.

Eles lutarão e morrerão defendendo tais virtude quando na verdade é apenas um grave defeito. Defeito de cognição, de interpretação ou de caráter.

Será como a cobertura de um bolo: não importa do que ele seja feito, se fizeres uma bela e apetitosa cobertura, poucos se importarão com o seu conteúdo, apesar de as vezes este ser indigesto ao consumidor.

É num curso livre de teologia (não dogmático, não pertencente a uma igreja ou corpo religioso) que a maioria das ilusões do misticismo religioso são desfeitas, incluindo esta, a de um estado teocrático e soberano, governado por um deus justo e verdadeiro ou por meio de seus supostos procuradores, os “ungidos de deus”.

Um governo mundial, com uma criatura mística de qualquer crença religiosa reinando de forma justa e pacífica para todos é pura bobagem. Isso é apenas uma tentativa aberta de inserir em qualquer governo um cavalo de Tróia, como tem ocorrido atualmente no nosso.

É uma forma descarada de meter na política (como se fosse um estupro), as figuras mais escabrosas que a humanidade já conheceu: as que valendo-se de títulos religiosos manipulam os poderes públicos em favor deles mesmos, familiares ou instituição, cujo CNPJs das igrejas que dirigem são posse sua ou de seu grupo.

Alguns dizem que o diabo veste Prada. Sou levado à crer que o diabo veste ternos caros, usa ou reverencia símbolos religiosos e gosta muito de surrupiar o dinheiro suado do trabalhador de dentro e de fora do ambiente religioso. Dizem que pessoas com fuzis e metralhadoras nos guetos das cidades são perigosas. Concordo e acho que isso deve ser combatido. Porém, sou levado à crer que homens portando bíblias, bem vestidos e com boa oratória nos locais certos, de maior importância de um povo, são mais perigosos que os do guetos.

Enquanto o primeiro intimida e rouba apenas algumas poucas vítimas por vez, o segundo pode se beneficiar com propinas milionárias, obtendo com apenas uma cartada o que cara do gueto levaria décadas pra conseguir. Sem falar que o primeiro será cassado ou morto pela polícia, enquanto que o segundo poderá ser aplaudido de pé pelas “vossas excelências” dessa grande nação.

Se acham caro (danoso) um usuário de entorpecente pagar 10 reais por uma padra de crack ou um cigarro de maconha, deveriam calcular melhor o dano que 50 mil reais desviado de um cofre público para compras de bíblias contendo a foto do seu “inventor” poderia fazer quando destinado para traficantes e mercadores da fé.

O tráfico de influências religiosa é tão perigoso quanto o tráfico de drogas e armas.

Os que comercializam a fé e constroem fortunas tendo como base as vendas de indulgencias e objetos sacralizados são ainda mais perigosos que os vendedores de entorpecentes.

Deus nunca esteve no congresso, nas igrejas e nem acima de todos. Charlatões, pilantras, sanguessugas e manipuladores da fé, sim!

Alguns religiosos de bem também estão entre os que ocupam funções públicas, mas são minorias. São pessoas de bem não por serem religiosos, mas por serem humanos que enxergam o outro como ser humano, não como objeto de exploração e descarte.

O avanço intelectual, tecnológico e financeiro de um povo sempre será relativo ao número de crápulas que intimidam as pessoas com base num folclore distante, em títulos dados a eles por eles mesmos e aos que vivem em nome de deus, para deus ou em favor destes.

Enquanto deus for o teto de vidro dos poderosos, a miséria, o crime e o caos será a cama dos que por eles são governados. Achem pelo menos um deus entre tantos, convença-o a governar diretamente um povo ou pelo menos a escolher publicamente uma entre todas as lideranças religiosas mundiais e todos saberemos que há um deus verdadeiro.

Caso contrário, vamos deixar de palhaçada e eleger (ou apoiar) alguém não pela quantidade de vezes que fala no sagrado, mas pela quantidade de vezes que torna sagrado as relações entre os humanos. Religião e política cominados deixaram rastros irreparáveis na história. Não devemos esquecer disso.

Revejam Seus Conceitos! Recobrem Vossa Sanidade! Até breve.

Texto escrito em 17/4/22

*Antônio F. Bispo é graduando em jornalismo, Bacharel em Teologia, estudante de religiões e filosofia.

Ferreira Bispo
Enviado por Ferreira Bispo em 17/04/2022
Código do texto: T7497016
Classificação de conteúdo: seguro