Os livros são o meu porto seguro, o meu lugar preferido no mundo... Alguns têm cheiro de mar, embriagam-se no caos, naufragam ainda em tempo de palavra, inventam seus escombros, antecipam a primavera, têm sabor de lágrimas... Outros celebram a dor, dispensam estrelas, são espelhos entre os fantasmas, arruinam-se entre a poeira, amplificam as angústias, explodem contrários a qualquer força opressora, trapaceiros devorando o tempo, maestros de utopias...
Nem todo livro significa alguma coisa, mas nunca se sabe... E a cada página é uma ponte, uma sombra, uma porta fechada, uma janela aberta, ou a acrobacia da pedra na astúcia do precipício... Existem livros que são uma verdadeira romaria enquanto ensaiam céus e infernos carentes das coisas do espírito.
Alguns livros arriscam a sorte na sanidade para ornamento dos incrédulos, serpenteiam sortilégios, riem da conspiração dos astros, ou cospem fogo à beira das flores enluaradas... Alguns devoram rios, outros parecem guerra, têm cicatrizes e mais cicatrizes em suas páginas marcadas... Livros são as últimas quimeras desse mundo.