TEMPOS DE INDIGÊNCIA REGADOS A TALENTO

“TEMPOS DE INDIGÊNCIA REGADOS A TALENTO”

APRESENTAÇÃO E CONCEPÇÃO TEXTUAL DA PEÇA DE TEATRO

ESCRITA, DIRIGIDA E ENCENADA (por Val Reiter e elenco de alunos de teatro)

No universo cênico dos personagens inseridos no contexto brasileiro e mundial, as catedráticas Sonia Guimarães e Eugenia Campos residem nas ruas da zona sul da Cidade do Rio de Janeiro contemporâneo, e junto com Laerte, um fisiculturista e professor de educação física didaticamente correto; irão tentar escapar de seus destinos realizando um grande show regado a poesia, dança e canto: A ideia surge da mente inconformada de Sonia que cansada de tomar sopa fria, dormir debaixo de sol e chuva, convida a amiga, e o “fortão”, recém-morador de rua, a realizar uma performance musical, e como todos ali possuem o dom do canto, da dança e são doutores excluídos; poderão ver seus talentos como artistas reconhecidos, e terem de volta sua antiga vida de burgueses bem sucedidos, ou seja, obterem o passaporte rumo à vida social e próspera que perderam há algum tempo.

Os personagens que integram esta peça/musical foram criados a partir de uma análise socioambiental contemporânea focada na globalização, e seus impactos sobre o mundo intelectual das artes e das ideias; que na verdade hoje sofre uma transformação sui generis no que tange a proficiência, a habilidade, e a competência dos seres - suas tensões e paixões, que permeiam o cotidiano de vidas brasileiras urbanas, com suas peculiaridades que exaltam a tragédia e o burlesco; no caso específico os personagens que moram nas ruas, e que foram segregados por um Sistema que atualmente supervaloriza os pseudos talentos que em sua maioria são produzidos no Laboratório mercadológico, que os cria e recria para o grande consumo – Eles irão como contracultura tentar dar um golpe de sorte em seus destinos desmerecidos. As cenas se movem dentro e fora do palco, e acolhem os “cacos” que possam enfeitá-las dentro do tempo específico; o que sem dúvida irá proporcionar ao público valores variados ao longo da apresentação. A catarse conquistada durante um espetáculo com tal estética será a conquista de novos valores, rumo à reflexão (novo pensar) do Homo sapiens no que tange o bem e mal, tema que importa a qualquer público.

A beleza e o gosto por este espetáculo advém do seu surrealismo, dramaticidade, política, comédia; que poderão surgir e ressurgir através do requinte na atuação e encenação – Desde o Primeiro Ato, com diálogo supremo entre as duas personagens centrais: que levantam de suas camas de jornal - até o desenrolar do show fora e dentro de palcos teatrais nacionais e internacionais; tudo isso perpassando pela intervenção do empresário Lopes que escuta a prosa entre elas e aguça seu instinto capitalista: ao engendrar um plano para utilizar o potencial do futuro grupo teatral para realmente gerar sucesso - com a brilhante ideia de Sônia: o show de estátuas. A quarta parede será “quebrada” quando a atriz Val Reiter na pele de SÔNIA GUIMARÃES dirá a amiga EUGENIA CAMPOS: “... Num país onde se canta com as nádegas..., então ela migra do centro do palco até a ribalta, e anda dois passos a frente da cena, mirando a plateia e conversando com o público, depois retorna ao centro do palco, isso gerará fonte de energia relevante para os expectadores e espectadores. Os “monólogos” por parte de alguns personagens são a pitada lúdica certa para estabelecer empatia, que é o artifício da “quebra da quarta parede” – o que se constitui em uma valorosa alavanca cênica de sociabilidade na dramaturgia.

Tempos de Indigência Regados a Talento” hoje no Theatro D. Pedro | Tribuna de Petrópolis (tribunadepetropolis.com.br)

Valéria Guerra
Enviado por Valéria Guerra em 22/03/2022
Reeditado em 22/03/2022
Código do texto: T7478275
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