Dois tempos
só parte#
A voz grita no silêncio pela liberdade. Sangro e choro. Como o pão e a carne num pecado vivo. Amo e odeio fraquejar. Detesto esconder quem sou. Mentiras e verdades são minhas escolhas. Guardo segredos obscuros do tempo em que fui uma mulher. Foi na escuridão de ontem que vi em mim sombras em detalhes. Fiquei por longo tempo pensando: o que tenho para dizer sobre quem eu sou?
Às vezes o silêncio diz tudo o que tenho a dizer. Não tenho medo de gozar. Principalmente gozar em mim. Parir um filho é um gozo. Gozado pra mim. Amar é gozar. Eu gozo e amo para sustentar à mim mesmo. Amar e gozar faz mal para alguém? Às vezes lembro quando achava que uma agenda iria me salvar. Hoje dou risada sem hora marcada. Logo tudo vira poeira, pois logo ainda nem existiu. Parece-me que minha vida faria o diabo sorrir ao saber que somos duas pessoas. Uma virtual e outra real.