Máscara fúnebre
só dele#
O fogo da bruxa não sente. Não vê, mas irá acontecer. Escutei essa frase anotada num sopro do ouvido. Cresceu numa mudança. Parece difícil de entender, mas não é. Qualquer mudança acontece quando não se vê. Se mudou ainda não tem roteiro. Tão pouco uma roupa que caiba. Esse fogo é o fogo da mudança. Outro tempo hoje é antigo. Pensei se aprendesse uma língua estrangeira poderia me salvar desta agonia que aperta minha garganta. Nó preso e exilado. Rasgo a voz como se ela pudesse vibrar num corpo surdo. Os sinais estão no corpo. Não importa se há ouvidos, bocas, olhos, nariz e pele, pois o que me acontece não é breve, nem antigo. Em breve é o que acontece enquanto você procura o ponto final de uma frase ou quem sabe de uma vida. A leitura é uma linha que procura saber o que há de mistério no que virá. Ler é correr o risco de ir atrás de um traço. Não saber que o futuro é um “desconheço” e que o passado é uma lembrança de que conto uma história que está atrás de um leitor que guarde ela no seu peito e conto essa mesma história até ela deixar de ser minha. O sonho de um escritor é viver mesmo morto. Quando um escritor é lembrado sinal de que sobreviveu às mudanças do seu e de outros tempos. Quem sobrevive ao modernismo? Determinadamente, o hoje será antigo.