Terra de Israel
pope parte#
Viajei para terra de Israel. Era dia do Torá. Outro tempo. Outra história. Às vezes, ocupo-me do ofício de tradutor. Leio a Torá como um clássico. Peco na tradução. Detrás do muro tem algo interessante acontecendo. Quero saber o que se passa. Verso na transmissão para contar esse dia. Embora sinta que nunca terminarei de dizer o que começo a dizer. Esse dia iniciou e findou com a primeira estrela no céu. Do pôr-do-sol ao pôr-do-sol. No estatuto de guia procurei o conselho divino do Destino. A terrena Jerusalém, sitio predestinado do poder secular e espiritual, inflamou uma obra inacabável. Saindo do amanhecer subi uma colina rodeado pelos astros. O sol me calou. Após um longo silêncio falei: a luz traduz a vida. O Eterno é nosso Deus. Um só. Único. Audaciosamente canto os 613 mandamentos. Encostado com as mãos no muro. Perdoei os vícios e os excessos. Jejuei sem sacrifício. Perfumei a cabeça e lavei o rosto. Tudo de bom grado. Senti a ruptura interior das cinzas invisíveis dos antepassados. O verbo era Deus. E a luz brilhou na escuridão e Nele estava a vida nos céus. Santificado foi o Teu nome. Examinei de perto os lírios do campo. Novo testamento. Mateus. O sermão na montanha. A ideia de intemporalidade excede no imperativo do rezai. Rezo com juras. Rogo uma oração ao Pai-Nosso. Abro a boca e prego. Bem-aventurado sejam os deuses do Olimpo.