SURTO A SURTO
Exposta à ventania, vejo a gaivota nervosa, cósmica às condições da natureza,
vibra desprezando o mundo em cada bater de asas,
livre nesse desdém maravilhoso!
Não recuso a felicidade que se apresenta,
sorrio,
e me levanto diante do som manso das ondas,
respiro a embriaguez da maresia,
um livro,
um quase gesto de virar a página...
rasguei-a com as pontas dos dedos,
extirpei o pedaço de céu que junto da folha provocava
a poesia.
Eu, pedra salgada, silenciosa e calma,
não me recordo mais das tempestades,
grão por entre os musgos.
Mas há em mim,
surto a surto,
os braços nus da vida,
e em cujos lábios molhados,
me serpenteia aveludada
à porta vil do meu futuro.
Bruce Dickinson - Tears Of The Dragon