MINHA FADA, A CEGUEIRA
É ela! Minha fada,
a cegueira! Comendo o pão com manteiga
à beira da roupa suja,
da lavadeira morta,
do suspiro enamorado, no instante da poesia, e sob o telhado
despido de telhas.
Achei-a assim, a lavar os pratos,
a faca,
a taça, e sem
qualquer gota d'água na torneira!
Como outrora cantava,
atrofiada em seu casulo,
feito catar agulha em palheiro.
Desatinada,
cega,
minha fada,
atravancando a porta diante do incêncio,
de raivosa paixão de uma vida invertebrada
engalfinhando filosofia.
Tranquilizou-me sob o vão pretexto da estrada,
e serena,
examinou no crânio
um emaranhado de lesmas
ante macabra aparição das ideias.
E, como desejava, tudo enfim podia,
mestra descabida,
que sem laço com a realidade,
qual ferida,
passo que não sente,
nos seus acessos de delírio,
leu os meus pensamentos
como um sino vibrando o abismo em minhas veias.
My Brightest Diamond - Tainted Love