A MANIFESTAÇÃO DE NOSSO PSIQIISMO

Certamente, é possível ver a manifestação de nosso psiquismo através de nossos gestos apressados ou calmos ou de nossa fala cadenciada ou apressada. O fenômeno da nossa vida anímica também se descortina pela forma como produzimos a nossa gesticulação, em nossas reações fisiológicas em determinado contexto, no modo como articulamos as nossas ideias e na maneira como alencamos o nosso raciocínio.

Podemos reconhecer a expressão de nossos conteúdos psiquicos até no que não conseguimos verbalizar, naqueles conteúdos que, embora se mantenham velados ou no entreaberto, são suspeitos por trazerem muito desconforto e sofrimento, ao ponto de, em muitas ocasiões, silenciarmos o que poderia ser dito, ou então nos excedermos em verborragias quando seria mais comum silenciar.

Quantas coisas podemos esconder de outrem por ser difícil de dizer! E, no entanto, são elas que conseguem invadir o nosso comportamento e as nossas falas às vezes um tanto confusas e desconexas. Enfim, quantas coisas desconhecemos até de nós mesmos; ou, então, confundimos uma coisa por outra, sem que reconheçamos a ilusão de nossas percepções! O nosso dizer não se esgota na intenção do que achamos que deve ser apresentável, de mais palatável; mas ele vem carregado de certos teores, mitologemas pessoais, dilemas da alma e do que é ser, monólogos internos e intencionalidades que transcendem o contexto em que foi produzido.

Evidentemente, o nosso ser jamais permanece estático no reconhecimento que de quem somos e menos ainda na avaliação que outrem faz de nosso perfil e características. Somos, de fato, a todo momento desafiados na descoberta de nossa alma e do que podemos fazer de nossa vida, na intenção de, quem sabe, nos dignificar e nos nortear sempre que a nossa existência fica anuviada de conflitos e contradições.

A nossa vida é um constante acontecer que não dispensa a nossa relação com outras pessoas, outros seres e as coisas que utilizamos e criamos diariamente. Por meio de tais intercambios, vemos um pouco mais de nós mesmos refletidos no espelho do mundo; e o mundo, por sua vez, em contato com a nossa personalidade e com os elementos de nosso ser mais profundo, muitos deles emergindo de maneira espontânea sem às vezes nos darmos conta da sombra que nos acompanha.

Alessandro Nogueira
Enviado por Alessandro Nogueira em 31/01/2022
Reeditado em 31/01/2022
Código do texto: T7441921
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