SER LIVRE (UMA REFLEXÃO)
Quanto mais uma pessoa é escrava das opiniões alheias e do meio em que vive, menos ela tem capacidade de discernir sobre as contradições e dilemas de sua vida, bem como sobre a sua condição, agindo muitas vezes pautada pelos seus instintos ou tendências desconhecidas e inconscientes.
Em contrapartida, é livre existencialmente aquele que sabe diferenciar os seus anseios das imposições do mundo em que ele está inserido; como também, consegue reconhecer a sua singularidade e identidade construida arduamente no decorrer da vida em face de outras singularidades. Ser livre vai bem mais além do que um poder ser no âmbito econômico e social, mas é o próprio ser vivendo o seu ser de um modo próprio e autêntico, no reconhecimento de sua presença, do seu sentido, e de suas melhores vivências.
Indo mais adiante nesse raciocínio, é livre quem consegue, de forma consciente, desenvolver as suas potencialidades e se atualizar frequentemente no autoconhecimento a fim de de alcançar um certo grau de integridade frente a tantas idiossincrasias, inconsistências e escuridões no seu ser.
Nesse caso, um certo grau de lapidação interior e ontológica se torna imprescindível....Uma pessoa livre não está, certamente, livre de cometer erros e de se enganar; no entanto, na liberdade de ser si mesma, ela tem uma melhor desenvoltura para se responsabilizar pela suas próprias ações e pelas suas relações com os entes ao seu redor; e isso inclui tanto pessoas, quanto animais, elementos e objetos inanimados.
Ser livre, portanto, consiste na iluminação da consciência para as questões mais profundas do ser. A liberdade de um ser humano é um acontecimento e uma conquista que não dispensa a honestidade para o que há de mais inabordável e para o que há de mais enraizado, numa pretensão de ampliar as percepções para os caminhos que conduzem aos tesouros da alma e da espiritualidade.