meu corpo, minha refrega
só parte#
Quando deixei de ser permeável a argumentos? Por um tempo ainda incalculável mantive-me amuado. Outros podem até dizer que arrisquei a vida para evitar a mutilação ou a espoliação do corpo. Acreditava que as escolhas fortaleciam a glória. Contudo, não sei quando, a honra ficou de lado. Aí simplesmente recusei combater o que em mim já guerreava. Apaziguei a cólera com uma única arma: o amor. Deixei para trás os problemas morais e permaneci de perto empunhando a minha lança. Lança brônzea. Curei minhas feridas com sangue e lágrimas. Comovido perturbei a minha esmagadora certeza do certo. Parti para a incerteza. Tradição humana transmitida e situada há milhares de anos. Antes mesmo da Ilíada. O fim de uma longa tradição contém o que absolve. Meu corpo é minha herança. Errância. O corpo é o elo com os antepassados. O corpo é a dúvida a sua própria imagem. Supostamente enganado com a malfadada semelhança de seres ditos divinos. O corpo é uma porção de carne. O corpo é uma lembrança em fuga. O corpo transporta sonhos. Meu corpo é uma transcrição transcriadora. O corpo é a guerra com a morte. Uma refrega jactante.