Sara

Seus detratores a chamavam, pejorativamente, pelo nome de batismo, Sara Giromini, mas ela preferiu assumir uma personagem conhecida por Sara Winter. Sem ser artista, mas com nome artístico, ela entrou de corpo e alma em todas as paradas, mesmo que visivelmente opostas.

Foi feminista radical do grupo feminista ucraniano Femen. Feminista com pautas assustadoras, dessas que aparecem seminuas, gritando, interrompendo grandes eventos, segurando cartazes provocativos e sendo retiradas pela polícia sob surras de cassetete, jatos d’água ou spray de pimenta. Ás vezes, todo o arsenal da polícia era empregado para dissuadir as aguerridas moças de suas lutas. Nessa toada, a loira percorreu o circuito completo — e lacrador, porque a imprensa era interessada na “causa” — de entrevistas no Brasil. Mergulhou com tudo.

A grande surpresa foi quando Sara Winter reapareceu em sua nova configuração: conservadora, contra o aborto, bolsonarista e mãe. Fez campanha para o presidente e, falando bem o Espanhol, percorreu a América do Sul pregando contra a interrupção da gravidez e a favor do Bolsonaro. Se candidatou, escreveu um livro, fez um filho e deve ter plantado uma árvore. Intensa, protestou como uma mulher de direita — ex-feminista — e foi presa. Ela mergulhou de cabeça outra vez.

A nova vida não lhe rendeu uma boa colocação, muito pelo contrário, causou preocupação, esquecimento e perseguição. Decidida a mudar, com protagonismo, ela ressurgiu contra o Bolsonaro, dando entrevista a uma conhecida revista. Sempre sendo notada, porque seguiu o instinto de identificar e se deslocar para onde o holofote está apontando, Sara voltou para o lado mais fácil e logo foi procurada por quem vive de jogar pedra no Governo Federal dia sim, dia também. Assim, a sempre ativista pulou, novamente, de cabeça.

Sara Winter é assim: intensa. Se entrega e se joga nas suas novas aventuras. Sua biografia é bem mais extensa e repleta de percalços, porém apenas me ative à política. Qual será a próxima reviravolta da garota? Algo eu já concluí: a Sara Giromini não teria a coragem que Sara Winter tem.