L’etat c’est moi
José Dias Toffoli cometeu ato de sincericídio, acordou se sentindo Luís XIV ou achou que o Brasil ainda fosse colônia de Portugal. Lá na terra dos nossos antigos colonizadores, Toffoli, num rompante ególatra, disse que o STF exerce, também, a função de Poder Moderador, no Brasil temos um semipresidencialismo e é difícil ser presidente no Brasil.
É comum, no País, não respeitarem as decisões populares. Exemplo: em 2005, em referendo, o povo votou a favor da comercialização de armas, porém, demonstrando profundo desprezo por decisões populares, foi estabelecida exclusividade a ladrões, traficantes e milicianos.
Respeitando a decisão popular, nossa forma de governo é republicana e o sistema, presidencialista. Isto foi decidido no plebiscito de 1993 e está na Constituição, no entanto, Toffoli tem sua própria Constituição e, depois de lê-la no banheiro (só pode ser), resolveu instituir o semipresidencialismo.
Ressuscitando o Poder Moderador, que, segundo os livros de História, tombou juntamente ao Segundo Império, o STF acumula a função inexistente. Isso explica toda a interferência nos poderes Executivo e Legislativo e o sucesso do coronavírus.
Quanto à dificuldade para “bater o cartão” no Palácio do Planalto, veio à tona, novamente, o caráter intervencionista e golpista do ministro. Não sendo isso, só podemos entender que ele chegou a essa conclusão por observação ou pela consulta a um ex-presidente ou ao atual mandatário.
Dias Toffoli, sempre arrogante, certa vez disse que o “STF atua como editor da sociedade”. Creio que ainda vou esbarrar com outdoors do “iluministro” mirando o horizonte — como um futuro alvissareiro —, acompanhado da seguinte frase: “O grande timoneiro”.
Toffoli, dependendo de conhecimento, foi reprovado em duas ocasiões em que tentou tornar-se juiz. Acontece que, conhecendo as pessoas certas e sem conter a vontade de prejudicar o maior número possível de pessoas, hoje é ministro do Supremo Tribunal Federal.
A sedizente elite brasileira, atropelando o direito universal ao voto, acha que cabe a ela o direito de escolher o presidente; os artistas acham que a maioria escolheu o mandatário errado; alguns setores, não sentindo-se representados, anseiam a volta do “rouba, mas faz”. Todos esses pensamentos revelam um completo desprezo pelo brasileiro do “Brasil profundo” e um autoritarismo que precisa urgentemente manifestar-se. Nesses momentos, gente assim encontra um habitat perfeito para a facilidade de atirar pedras e tapar os olhos aos desmandos periféricos à Presidência.
Em 2022: “Farinha pouca, meu pirão primeiro”.