E ENTÃO, PARA QUE SERVE O CRISTIANISMO?
*Por Antônio F. Bispo
Não acredito na divindade de Jesus, nem em seu nascimento virginal, sua ressureição ou em qualquer outra forma mística de reverenciar o seu nome, o seu sangue ou as falas a ele atribuídas, pois tudo o que envolve louvor, bajulação e “temor divino”, torna as pessoas burras, arrogantes, manipuláveis, vitimistas, oportunistas ou donas da razão, ainda que totalmente equivocadas.
Como em tantas outras culturas antigas, um libertador fora prometido ao povo judaico no passado. O messias cristão desenhado por Roma nunca se encaixou nesse perfil redentor ainda que as manobras teológicas do quarto século até os dias atuais tentem fazer parecer que sim.
Por séculos apareceu vários messias para aquele povo mas, nenhum deles ainda foi tido como o “verdadeiro”. Desse modo eles ainda o aguardam.
Um dos últimos e quem sabe o mais famoso entre esse seja Judas Macabeu, filho do sacerdote Matitias. Ele viveu em 190 A.C. e foi responsável por uma importante revolta contra os selêucidas. Por esse feito se tornou imortal entre o seu povo.
É provável que o “cristo cristão” seja um constructo envolvendo personalidades reais com “poderes” místicos de deuses pagãos, a exemplo de Mitra, Krishina, Hórus, etc.
Caso tenha sido ele uma pessoa real, mistificada posteriormente por seus seguidores (ou oportunistas), ele não é deus-humano e nem tão pouco humano-deus. Isso não existe e inclusive essa teoria anularia a própria ideia de “deus original” segundo o antigo testamento.
Tendo esse cristo porventura vivido e morrido entre nós, não seria capaz de salvar ou condenar ninguém. Se o fez, isso serviu fisicamente apenas aos seus conterrâneos na ocasião, nada no mundo metafísico. No máximo teria apontado um caminho a ser trilhado por seus descendentes no que diz respeito a valores e atitudes recíprocas ou teria sido um mero estrategista militar.
Nem o seu sangue, sua morte ou ressureição teria tido valor algum sobre quem quer que seja do passado, presente ou futuro no que diz respeito a uma salvação futura ou entrada em um suposto reino celestial. Eles não criam dessa forma naquela época.
Tampouco pouco sua “virgem mãe” e muito menos as miríades de santos canonizados pela igreja católica ao longos dos últimos 17 séculos teriam tal poder.
Nada daquilo que tem sido mistificado sobre cristo e a igreja teria sequer existido, caso esse semi-deus fosse real. O dito Jesus se sentiria ultrajado com tanto dito e pouco feito (de bom) valendo-se do seu nome.
Mesmo sendo um arquétipo a figura do “cristo cristão”, julgo que grande parte do que “ele dissera” no novo testamento seja válido para a construção de boas relações pessoais, da amenização da dor, miséria e do sofrimento humano.
O Sermão do Monte é um dos mais célebres discurso atribuído a Ele. Quem dera pelo 1% dos cristãos no mundo inteiro o conhecessem (o sermão) e pudessem pô-lo em prática. O mundo (cristão) literalmente seria outro bem melhor!
Ao invés disso, uma sociedade de dementes, gananciosos e amedrontados formou-se e fortificou-se em torno de sua imagem e não em torno do que ele dissera.
Fora o fato de “saberem” que ele nasceu de uma virgem, que morreu e ressuscitou ao terceiro dia e que fez alguns milagres por onde andou, poucos cristão conhecem de fato quem foi o quem deveria ter sido o cristo que tanto veneram.
As igrejas cristãs focam apenas nos dogmas criados por seus próprio representantes, nunca naquilo que supostamente foi ensinado pelo “chefe da seita”. Eles confundem os podes-e-não- podes de cada igreja com os mandamentos do cristo.
A primeira e a mais estupida de todas as ideias (e a pedra angular de todo cristianismo como tem sido) é justamente a fundação de uma igreja ou hierarquia eclesiásticas, com todo mundo pianinho, obedecendo cegamente as lideranças sem nada poder, fazer, dizer ou questionar, nada além daquilo que o roteiro peculiar de cada igreja lhes permitem.
Foi justamente isto que o suposto Cristo veio combater!
Outro fato é o da adoração!
Não eram pra adorar a cristo, suas obras ou seus milagres. Era pra viver seus mandamentos. Era pra ser algo prático, aplicável individualmente e não um roteiro de devoções infinitas, que quando não cria gente abobalhada com ares de escolhidas, mantém mentes cativas e amedrontadas.
Não era pra ser assim....
Vejam que coisa intrigante: para ser budista é preciso conhecer e praticar os mandamentos de Buda. Para ser discípulo de qualquer outra figura ilustre do mundo antigo ou moderno exige-se o mesmo. Porém, para ser um cristão não precisa conhecer ou praticar absolutamente nada daquilo que cristo falou (ou ordenou). Basta nascer num país ou lar cristão ou dizer que é cristão e isso basta!
Na “melhor” das hipóteses filiar-se a uma igreja, “devolver” 10% de tudo o que se ganha, fazendo tudo o que o pastor ordenar sem questionar também vale. Nesses casos tu serás um cristão ainda mais qualificado que os outros (segundo o que eles mesmo pensam).
Levantar à mão num culto religioso e aceitar a jesus não torna em nada uma pessoa cristã (no sentido de seguidor de cristo), mas eles pensam que sim.
Isso é tão válido quanto pular de um avião amarrado à uma barra de ferro alegando ser um paraquedas e esperar que o mesmo abra-se milagrosamente e amenize o impacto. Não funciona!
Não estou dizendo que uma pessoa deva ser cristã para ser uma pessoa boa, mas digo que um cristão poderia ser uma pessoa muito melhor (para si e para os outros) se conhecesse e aplicasse os princípios básicos da própria fé ao invés de olhar para a vida alheia e se dedicar a rituais intermináveis de venerações que só servem para inflar o ego do próprio adorador.
Valores como a reciprocidade, o partilhar do pão, o altruísmo e o desapego por coisas materiais antecedem o cristianismo. A selvageria, o oportunismo e a ganancia também. A veneração a um deus particularizado só faz aumentar esses três últimos citados.
Seguir a Cristo, a Buda, Confúcio a Gandhi ou seja lá quem for, acho isso pouco relevante. Importa que o seguidor faça do mundo um lugar melhor com suas ações e não com suas orações e louvores. Se não puder mudar o mundo, que mude sua própria vida, casa ou família de modo inteligente e pouco invasor à vida alheia.
Louvores às divindades não tem serventia alguma. É coisa de homens das cavernas. Acreditar que um ser imutável (que não muda), imaterial, incorpóreo, infalível, onipotente e tantos outros “INs” mudaria por uma mera cantiga da boca pra fora (ou do coração) é de uma babaquice tão grande que só tem um nome pra isso: CORRUPÇÃO!
Um adorador é apenas um corruptor achando que pode corromper com seus louvores e devoção àquele qual dizem ser três vezes santo e incorruptível.
O pior é constatar que essa fé (a fé cristã) se tornou justamente isso: uma legião de adoradores que vivem à competir quem tem o melhor louvor, devoção ou rito de culto “original” ou “mais legal”. São atitudes de pouca inteligência.
A grande questão é: PARA QUE SERVE ESSE CRISTIANISMO DO MODO QUE VEM SENDO PRATICADO?
Ele tem realmente algum valor social? Muda realmente a vida de alguém? Muda a sociedade? Aumenta a “moral” de uma nação ou governante para com o seu deus? Qual a real serventia disso?
Não seria esse tipo de cristianismo semelhante a um diploma universitário de engenharia comprado no camelô da esquina? Acho que sim...
Vejam se não é assim: uma criança cristã não está livre de ser estuprada por seu pai, padrasto, parente ou vizinho também cristão. Todos os dias há centenas de notícias como essas no mundo inteiro.
De um lado cristo poderia inibir o estuprador fazendo com que essa “luz” que todos dizem ter ao recebê-lo afastasse as trevas e o desejo maldito do pervertido. Por outro lado, o deus que tudo vê, tudo faz e a todos protege, parece não se interessar em proteger indefesos de tarados e importunadores sexuais.
Que pena...Dizem por aí que ele (Jesus) não tira os olhos de adultos bem resolvidos que se gostam e em pleno acordo decidem fazer sexo anal. Ele deve se ocupar tanto anotando e punindo tais pecados que se esquece de punir quem realmente deveria. Na verdade, ele está anotando pra punir ou ele é do tipo de voyeur que curte ver esse tipo de cena? Muito suspeito essa obsessão em observar sexo anal....
Vejam também: Um país cristão (como é o caso do nosso), não impede que políticos também cristãos roubem aos montões, trazendo fortuna para si e misérias para milhões.
Nem mesmo o fato do suprassumo da nata cristã (a bancada evangélica) está ali no planalto para “abençoar” a nação com suas orações matinais ou lutar pelos valores morais do “povo de deus”, faz com que falcatruas deixam de acontecer na presença de todos eles (cristãos).
O cristo que ensinou a não roubar deve ter pregado em outro canto ou em outra bíblia, não naquelas que eles usam todos os dias para insinuar santidade antes de seus debates.
O cristo que falou sobre não mentir, não caluniar e nem levantar falso testemunho passou longe do congresso. O que condena rachadinhas, esse nem existe, afinal, isso não está na bíblia, não é mesmo?
Policiais cristãos, todos os dias matam dezenas de bandidos também cristãos, que por sua vez fizeram arrastões ou cometeram outros delitos também contra outros cristãos. O mesmo policial que mata (no exercício da função) bandidos cristãos, também morre em confronto com estes, baleado por alguma “arma cristã”, já que alguns bandidos chagam a batizar suas ferramentas para o crime com nomes bíblicos.
O cristianismo não estava lá na hora do roubo, nem na hora da morte e nem tão pouco na agonia das vítimas. Era só uma lembrança vaga na memória de todos esses cristãos envolvidos.
Nesses casos, o bandido que ficar vivo, com o tempo “aceitará jesus” e virará uma celebridade gospel testemunhando mundo à forai, vangloriando-se de como conseguiu matar agentes da lei e vítimas inocentes e mesmo assim deus o salvou e o escolheu para pregar o evangelho de cristo (mas num já era cristão?).
A vítimas irão chorar às escondidas pra não demonstrar fraqueza diante de outros cristãos e em alguns casos (ou algumas igrejas), serão obrigadas a pedir desculpas ao assassino por ter ficado com raiva quando este assassinou um ente querido seu. É mole ou quer mais? Cristianismo puro na veia...
A empregada (o) cristã por exemplo, quando pode e acha fácil é capaz de roubar o empregador ou forjar falsas testemunhas a fim de surripiar valores que pela lei jamais seriam obtidos.
Empregadores cristãos por sua vez, quando podem tentam explorar ao máximo os corpos e mentes de seus empregados (também cristão) como se esses fossem meros objetos descartáveis que podem ser substituídos quantas vezes for necessário.
O conjugue (cristão) que procura aventura sexuais com outros parceiros (também cristãos), mesmo tendo (ou não) feito votos de fidelidade diante do altar, da família, dos amigos e dos filhos também está sendo cristão até nesses atos, não é mesmo? Deve ser o 11º mandamento.
Eles não importam as consequências, se importam apenas com o prazer momentâneo e com a falsa ideia de que estão levando vantagens sobre seus parceiros.
Se forem descobertos porão a culpa no diabo. Se não, irão dizimar, ofertar e adorar ainda mais pelo “livramento que deus”. Esse ato de “fidelidade com deus” será ainda mais aprofundado com as infidelidades conjugais e quanto mais deus os livrarem, mais devotos adoradores serão (que diga isso todos os que tem sido desmascarado publicamente desde a invenção das redes sociais).
Aos que ainda não foram descobertos, para gerar ainda mais confiança e afastar qualquer suspeita, colocar nos perfis #DEUSNOCOMANDOSEMPRE quase sempre funciona. O cristo que disse: não cobiçarás a mulher do seu próximo esqueceu de orientar esses ai...Alguns aproveitam pra cobiçar a mulher dos que estão distantes. As redes sociais ajudam muito esse tipo de moralista...
Quem sabe o mundo jurídico seja onde o cristianismo mais evidencia seu valor inverso. Advogados cristãos são capazes de instruir seus clientes (também cristãos) sobre como levar vantagem no processo mesmo quando são os causadores do dano ou dolo.
Mentindo, dissimulando, fingindo insinuando ou usando de uma dialética impecável para convencer o jurados e o juiz (também cristãos) de quanto o seu cliente é inocente, o que importa é ganhar. Se o outro vai sofre ou se ferrar, tanto faz!
A presunção de inocência nesses casos quase sempre poderá ser avaliada por aquilo que o dinheiro pode pagar. Quanto mais dinheiro uma pessoa (cristã) tiver para pagar bons (?) advogados, mais inocente essa pessoa será.
Apesar dos pesares cristãos, esse campo (o jurídico) ainda tem sido o baluarte que sustenta as civilizações modernas. Onde não há leis, o caos impera na maioria dos casos as pessoas temem mais a caneta de um juiz que a possibilidade fazer um pessoa, seus filhos ou familiares sofrerem pelo resto da vida por um crime ou injustiça cometida.
No trânsito por exemplo, muito temem mais tomar uma multa de um radar que custa cerca de 120 reais que tirar matar uma criança atropelada por excesso de velocidade ao passarem em alta velocidade quando os radares não estão funcionando.
Quem dera o “cristo cristão” pudesse ressuscitar no coração dessas pessoas e ensiná-las de fato!
Não há dúvida alguma que o cristianismo como tem sido praticado pode ser comparado a um pé de coelho, um dente de alho, uma folha de arruda ou qualquer outro objeto mistificado que acredita-se dar sorte ou afastar mau-olhado. É como um amuleto velho, passado de geração à geração, que tem valor simbólico e emocional, porém nenhum valor real efetivo.
Quem dera os crentes do passado e do presente (bem como seus pastores e sacerdotes) lembrassem (e vivessem) mais o que está escrito em Mateus capitulo 5 do que o que fora dito em Malaquias capitulo 3.
Quem dera os que dão relevância às besta do apocalipse tentando parecer um profeta, dessem mais valor a uma relação mais saudável com seu próximo pudessem notar que eles mesmos é que são os bestas de agora, jogando fora a própria vida enchem a si mesmo e aos outros de um temor desnecessário, projetando um mal futuro que poderia ser evitado nos dias de hoje e que tal batalha e tal conflito só acontecerá justamente se os tais pessoas (os crédulos) continuarem dando mais valor as venerações aos que aos seus semelhantes humanos.
O cristianismo que deveria ser algo interno (internalizado), em que cada indivíduo olharia para sua própria vida e tentaria mudar a si mesmo por meio de ações (genuínas) sem apego a tantos ritos e dogmas, tornou-se uma alvorada de lunáticos, onde cada um olha para a vida alheia, aponta defeitos que não existem e buscam soluções baseadas sempre em dogmas que deus, de forma individual tenha falado aos seus líderes religiosos.
“Valei-me”! Livrai-nos dessa gente maligna!
Saúde e Sanidade a Todos.
Revejam Sempre Seus Conceitos.
Texto escrito em 28/10/21
*Antônio F. Bispo é graduando em jornalismo, Bacharel em Teologia, estudante de religiões e filosofia.
*Contatos, sugestões, elogios ou outras solicitações podem ser feitas pelo e-mail: revejaseusconceitos@outlook.com
P.S.: Comecei o texto negando a divindade de cristo, sua concepção virginal, sua morte e seu sangue redentor. Segundo a epístola de João e algumas citações de Paulo, esse é o sinal do anticristo e do falso profeta. Quem dera fosse! Rsrsr.
Eu digo que tais citações atribuídas a esses profetas são apenas palavras, ditas justamente para amedrontar e intimidar os que porventura nutrem algum tipo de lucidez mesmo nesse lamaçal de loucura.
Digo que essa frase que discrimina quem nega a divindade do “cristo cristão” é tão verdadeira e poderosa quanto a frase que diz que Jesus é quem protege, guia e guarda a todos os que nele confiam...