Panaceia
dela parte#
Dormi acordada. Acordei sonhando com ele e os demônios. Se tivéssemos casado ou não, o poeta diria, com a filha da lavadeira talvez tivesse sido feliz. Se pelo menos fumasse um cigarro como ele. Demônios rastejam nos ladrilhos do quintal. E eu solto a minha voz grave e rachada de noite mal dormida. Mas o que sonhei? Demônios dançarinos aparentemente benfazejos. Não. Eles não torturaram tonitruantes a noite inteira. Sempre tive medo de ventos fortes. Uivantes. Seriam os lobos atávicos ainda atados aos meus pés? Não é a falta de controle que atemoriza. Aliás, há nós dois. Ele também teme as forças cruéis imprevisíveis da natureza. Não há lugar onde possa se esconder. Infame. Imóvel. Acordei nesta panaceia. Sonhei com um labirinto de entradas incertas.