A morte do bebê
A morte do bebê de Catarina foi a ruptura de algo. Como começar a ler um livro pelo final. Saber o final não muda o começa, nem o meio. Morrer é fato inevitável. Como se vive ou se viveu é um modo de ler o mundo. Ainda que alguma vizinha diga para seguir, só o sol faz com as flores o que elas sabem fazer. Se fosse possível qualquer um salvaria. A descoberta do fim é uma maratona. Do contrário é eco de voz. Normal é não gritar. A brasa queima no peito. Engole o soluço como azar. Acaso o começo revela o final. Morrer é ruptura. Perder é abertura. Quem não perde? Um bebê que morre é uma pergunta. Um bebê morre interroga. Um bebê tem um nome? Se ele morre, morre quem? O corpo dela rompeu o que? Gestar, nutrir e esquecer são verbos do desapego? Ela também morreu.