O SAGRADO E O PROFANO

Depois que Israel se organizou como nação, tornou-se necessário a existência de um santuário central para que o povo pudesse se reunir em torno da adoração a Deus, sendo que o mesmo viria a ser visto também como símbolo da unidade nacional em relação ao Deus de Israel. Essa necessidade foi suprida pelo tabernáculo durante as peregrinações no deserto e depois, também por algum tempo, com o estabelecimento do tabernáculo em Siló. Quando Davi consolidou seu poder como rei sobre toda a nação de Israel, ele construiu um palácio permanente para sua própria habitação; para ele, no entanto, parecia um opróbrio a falta de um santuário dedicado a Yahweh. O privilégio de erigir o templo não foi concedido a Davi, porém, ele reuniu todo o material necessário, aumentou o tesouro e comprou o local onde o templo viria a ser edificado (ver 2 Sm 24.18-25; 1 Cr 22). Após a morte de Davi, Salomão, seu filho deu início à construção, no quarto ano de seu reinado, e depois de sete anos o templo veio a ficar pronto. Pelo tempo de Josias (cerca de 640 a.C., três séculos após sua construção), o templo estava necessitando de consideráveis reparos, o que veio a ser feito através das contribuições dos adoradores (2 Rs 22.4). Em 587 a.C., através de Nabucodonossor, as profecias de Jeremias acerca da destruição do templo se cumpriram, quando então a cidade de Jerusalém foi invadida e o templo completamente saqueado. No ano 537 a.C., os exilados que retornaram trouxeram consigo os vasos que haviam sido tomados por Nabucodonossor juntamente com a autorização de Ciro para a reconstrução do templo. A arca havia desaparecido no tempo do exílio e nunca foi recuperada nem substituída. Em lugar do candelabro de Salomão com dez lâmpadas, um candelabro de sete hastes foi posto no Santo Lugar, juntamente com a mesa para os pães da proposição e o altar do incenso. Mais tarde, esses objetos foram tomados como despojos pelo rei selêucida da Síria, Antíoco IV Epifânio (cerca de 175-163 a.C.), que instalou ali a ‘abominação da desolação’ (um altar ou estátua pagã) a 15 de Dezembro de 167 a.C. (1 Macabeus 1.54). Este fato deu lugar à chamada “Revolta dos Macabeus” e estes, uma vez vitoriosos, purificaram o templo já nos fins de 164 a.C. (1 Macabeus 4.35-59). Este segundo templo perdurou por quase 500 anos, mais tempo que o primeiro ou que o templo de Herodes (que corresponde ao segundo templo, porém restaurado por Herodes). A ereção do templo de Herodes começou no início de 19 a.C., porém não com o propósito de glorificar a Deus, mas sim como uma tentativa de Herodes de se reconciliar com os judeus. O templo de Herodes tinha colunas de mármore branco, com portões de ouro e prata. Um pórtico de colunas circundava todo o monte do templo. A seção correspondente à extremidade sul tinha quatro fileiras de colunas; os demais pórticos tinham duas. Na extremidade noroeste do monte do templo situava-se a Fortaleza Antônia. O templo e os muros que o circundavam foram destruídos pelos romanos no ano 70 d.C., sendo que o candelabro de ouro, a mesa dos pães da proposição, e outros objetos, foram levados triunfalmente para Roma. A partir de então o lugar da adoração ao Deus de Israel já não poderia ser visto como que situando em um único lugar, mas estabelecer-se-ia, cumprindo as palavras de Jesus, no coração daqueles, que em todas as nações, fossem achados por Deus como verdadeiros adoradores, que o adorem em espírito e em verdade. Aqueles que, a partir da salvação em Cristo Jesus, são assim achados tornam-se templos de Deus para habitação e morada do Espírito Santo, e assim como para Israel foi necessário o estabelecimento de um lugar físico para eles se reunirem em adoração, assim também, tornou-se necessário a existência de lugares físicos para que os salvos em Cristo Jesus se reúnam em verdadeira adoração. O crente deve, portanto ter cuidado não somente de não profanar o lugar físico da adoração, mas também o seu próprio corpo, caso contrário, ele estará, em ambas situações, atraindo o juízo de Deus sobre o lugar (templo físico) da adoração e sobre a sua própria vida.

Porta de Sião

ALMA GRANDE
Enviado por ALMA GRANDE em 17/10/2021
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