Construção do conhecimento e suas percpectivas

A multilinguagem utilizada na tirinha de Dik Browne, com muita propriedade, apresenta-nos as várias faces do que significam correntes de conhecimento, quais sejam: Dogmatismo; Ceticismo; Pragmatismo; Relativismo e subjetivismo; Criticismo. Ao longo do tempo, o pensamento filosófico sempre vem se alternando entre pensadores e correntes filosóficas, sejam, entre empiristas e racionalistas. Em suas diversas facetas, começando pelo Dogmatismo, que acredita na aquisição do conhecimento e da verdade através de dogmas que, sejam pela espiritualidade e/ou racionalismo, as verdades são conhecidas.

O ceticismo de Pirro diz que não há verdade e nenhum tipo de conhecimento são irrefutáveis, posto que não há nada de como provar tais verdades e crenças. Portanto, para esses pensadores e suas nuances, o conhecimento do objeto pelo sujeito é impossível, ou seja, demonstra a impossibilidade de a consciência cognoscente apreender o objeto do conhecimento.

Para além do Ceticismo, o Pragmatismo diz que a aquisição do conhecimento verdadeiro é possível e é aquele do qual se serva o homem. Segundo Hessen (2000), este conhecimento deve ser útil, valioso, fomentador da vida, pois o homem não é essencialmente um ser teórico ou pensante, mas sim um ser prático, um ser de vontade e de ação. Por outro lado, a corrente filosófica do Relativismo e subjetivismo advoga o teorema de que o homem de fato adquire o conhecimento pelas suas experiências e sensações particulares. Ainda de acordo com Hessen (2000), restringe a validade da verdade ao sujeito que conhece e que julga. Este pode ser tanto o sujeito individual ou indivíduo humano quanto o sujeito genérico ou o gênero humano.

Já o relativismo aborda a não existência da verdade absoluta e universal, reduzindo o conhecimento a contextos externos, assim cria uma relativização do conhecimento.

Por fim, o Criticismo como o próprio nome sugere, está convencido de que há uma verdade, porém tem desconfiança, a qual é capaz de examinar todas as afirmações da razão, não aceitando o modo despreocupado com as investigações das “verdades".

Dito isto, passamos a analisar a tirinha supracitada. Na parte superior do primeiro elemento comunicativo, encontramos o discurso...(Alto la! Quem vem ai?) ; na parte inferior do mesmo elemento comunicativo (Amigo ou inimigo?) e seguindo o ato comunicativo com as respostas do interlocutor ( eu sou amigo de uns e inimigos de outros, mas em última analise eu sou apenas um ser humano vivo tentando seguir meu caminho na vida como qualquer outra pessoa ) Por último, com a reflexão (o que um filosofo está fazendo por aqui?). Desta forma, no primeiro quadrinho podemos dizer que, ao perguntar quem vem aí, o primeiro interlocutor usa de uma postura racionalista/dogmática posto que, pela forma súbita de como o personagem aparece, pode perceber que se tratava de outro homem e que este, pela forma de como apareceu, poderia representar algo perigoso. Pelo sentido, pelo medo, já foi perguntando se tratava de amigo ou inimigo, portanto, poderíamos dizer se tratar de uma postura Pragmatismo, haja vista utilizar-se do conhecimento de mundo para saber de sua autodefesa.

Já interlocutor ao responder "amigo para uns inimigos para outros", usa de uma abordagem relativista. Mais adiante, ao dizer que "é apenas um ser humano vivo, tentando seguir seu caminho como qualquer outra pessoa", o interlocutor usa de duas abordagens de conhecimento: o Criticismo (penso, logo existo) e ceticismo, pois a vida segue em igualdade a todos os seres. No último quadrinho, temos uma resposta que sintetiza a postura do homem frente às inquietações filosóficas e, por que não dizer, de posturas de investigação do conhecimento humano.

Por Manoel Serafim

Grad. Letras, Filosofia, Especializando em Ciência Política

ManoelSerafimSilva
Enviado por ManoelSerafimSilva em 16/10/2021
Reeditado em 10/04/2022
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