Filosofia da Ciência e Conhecimento

O trabalho ora desenvolvido consiste numa revisão (análise) de livros, artigos sobre Filosofia da Ciência, seus conceitos, autores e temas mais relevantes para esta disciplina. Para esta análise, selecionamos o caderno FILOSOFIA, Ensino Médio, 2 Ed., Filosofia / vários autores. – Curitiba: SEED-PR, 2006. – 336 p., do Governo do Estado do Paraná, disponível em http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/livro_didatico/filosofia.pdf

Realizamos a leitura dos seguintes tópicos: O Problema do Conhecimento, 59; Filosofia e Método, 73; Perspectivas do Conhecimento, 87; O Progresso da Ciência, 237; Pensar a Ciência, 245.

Objetivamente, o trabalho busca apresentar as relevâncias de assuntos como o conceito de Ciência, o indutivismo ou o falseacionismo de Popper, e contribuições mais interessantes sobre Filosofia da Ciência apontadas no material didático.

Conforme o material disponibilizado, Filosofia da Ciência é o estudo das suposições, fundamentos e implicações da ciência, incluindo questões como o que distingue a ciência da não ciência, quais são os objetivos da ciência ou o que é uma explicação científica bem-sucedida de um fenômeno. Neste sentido, a Filosofia sempre se ocupou de questionamento sobre o diferencial de Conhecimento do senso comum e o Conhecimento metódico. O material didático traz conceito de ciência como um conjunto de sabores cuja compreensão histórica não se faz de traz para frente, o que significa que não se entende a ciência como uma investigação de forma linear. (pag. 238) Aqui, partilhamos do mesmo conceito, pois o conhecimento científico também está ligado ao que se conhece da época em que foram construídas suas teorias, não sendo, portanto, imutável.

Sobre o indutivismo ou o falseacionismo de Popper, no que consiste que não podemos estabelecer a validade de uma proposição geral a partir de um conjunto limitado de instância, o auto do manual didático aborta o tema de forma muito superficial, de forma dicionarista, o que no meu entender, apenas apresenta uma informação inconsistente. Desconsidera as críticas de Popper ao indutivismo, muito relevantes para uma boa compreensão filosófica do que vem a ser ciência e os métodos científicos aplicados nas diversas áreas do conhecimento. Isto é, deixa de citar os famosos exemplos elaborados por Popper, qual sejam, os cisnes brancos, os perus "indutivistas" e os da maças vermelhas, os quais consistem em considerar, pela empirismo, que todos os cisnes são brancos; que os perus, pela experiência da hora da alimentação diária, não esperavam que em destes mesmos dias, chegaria o Dia natal; que, pela experiência da observação - pela grande quantidade de maças vermelhas- , concluir, portanto, que todas as maças são vermelhas.

O manual apenas relata que os filósofos da ciência contemporâneos, principalmente Popper, Bachelard, Kuhn, Feyerabend e Lakatos comungam quanto à impossibilidade de comprovação de que alguma ciência mereça o status de verdadeira, ou segura de equívocos. Basta um breve vislumbre sobre a história da filosofia da ciência para notar todo tipo de contradição. (Pag. 252).

Por outro lado, o manual de Filosofia da Ciência apresenta conceitos importantes e bem didáticos sobre determinados assuntos em Filosofia. Assim, consideramos o despertar que o livro traz sobre o que é ciência e suas implicações sociais, abortando uma visão crítica dos conceitos de ciência suas transformações sociais. Ou seja, as consequências sociais e políticas de uma Nova Ciência. O autor faz um apanhado histórico sobre os diversos momentos da ciência e do conhecimento na história.

Durante o período histórico chamado de Idade Média (século V ao XIII), a influência do catolicismo era dominante; o fortalecimento da burguesia a partir do século XII na Europa Ocidental, e o advento da ciência moderna um novo modelo de homem de sociedade foi aos poucos adotados. O modelo teocêntrico passou a ter um contraponto no modelo antropocêntrico, que coloca o homem e suas relações no centro da discussão, surgindo então o humanismo. Esse movimento científico, cultural e intelectual foi chamado de Renascimento, inspirado na cultura greco-romana. A ciência moderna não busca apenas conhecer a realidade e a gênese das coisas, mas, sobretudo, exercer influência e domínio sobre ela. Novos valores foram se desenvolvendo juntamente com a nova ciência. (Pag. 251)

Essa criticidade abordada pelos autores é muito importante para alunos do ensino médio, pois lhes traz uma informação mais consistente em ensino de Filosofia.

Selecionamos dois excertos do material citado, por considerar importante compreensão de pensadores clássicos: Platão e Aristóteles. O primeiro recorte faz uma conceituação do que caracteriza o conhecimento, enquanto o segundo faz críticas de Aristóteles ao pensamento de Platão.

A teoria do conhecimento se caracteriza por uma preocupação com a busca de princípios gerais que permitam formular crenças verdadeiras sobre a realidade. Essa ideia está presente na obra de Platão e é, em larga medida, o que caracteriza também o pensamento de Aristóteles.... É com Aristóteles que a filosofia ganha uma consciência mais definida acerca do método a ser adotado quando o assunto é o conhecimento.

Para entendermos bem a crítica de Aristóteles é necessário demorar-se um pouco mais na teoria platônica que Aristóteles ataca: a chamada “teoria das Formas.” Com efeito, em obras como República e Fédon, Platão defende que o conhecimento só é alcançado quando atingimos a “ideia” ou “conceito” do objeto. Platão utilizava, prioritariamente, o termo “Forma” para referir-se a essa ideia. Por Forma Platão entende um núcleo de características de um determinado objetuou realidade que mantém seus componentes independentemente dos exemplares destes objetos encontrados no mundo ou na linguagem. (Pag.74; 75)

Aristóteles contestou Platão porque via problemas em alguns pontos da explicação platônica do conhecimento. Platão tinha chegado numa tese importante: para haver conhecimento da realidade, é preciso encontrar um caminho que dê acesso a ideias que sejam imutáveis, que não sofram transformações decorrentes da interpretação ou do capricho. Aristóteles concorda com isso, mas dirige uma crítica a Platão: para garantir a certeza e validade do conhecimento não é necessário postular uma teoria que duplique o real, isto é, que crie duas dimensões na realidade: o sensível e o inteligível, como fez Platão. (Pag.74; 75)

Percebemos a grande contribuição dos filósofos clássicos às teorias do conhecimento e das ciências. Na verdade, tais preocupações sempre estiveram presente na vida do homem, e hoje não é diferente. Muito embora estejamos bem distantes cronologicamente dos clássicos, com várias ciências e especializações, sempre recorremos aos clássicos para reavaliar o conhecimento, os métodos científicos e a própria condição existencial.

Por Manoel Serafim

Grad. Letras, Filosofia, Especilizando em Ciência Política

ManoelSerafimSilva
Enviado por ManoelSerafimSilva em 28/09/2021
Reeditado em 10/04/2022
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