sufoco
Parte#
Parte do ar sufoca. Sonhei que meu filme terminava com a música da Janis Joplin. Cry baby. Dramática. Como todo fim. Só o fim para dizer do que se foi. Sufoco sem ar. Essa música é um grito sem ar. Só a Janis para gritar. Eu queria gritar. Gritar. Gritar e gritar. Combinar que todo grito terá um canto. Mas quantos cantos são silenciados? Quantas como nós calam a boca deles? Quantas como nós suspiram para não gritar? Se gritarmos minhas amigas, o que será do mundo? Cry baby. Será um come on. Mas do que ainda gritar se estou sem voz? Se choro na minha vez. Esse filme termina em fade out. Uma diminuição gradual do nível de um sinal. Até que tudo fique completamente sem som e imagem. Um tragédia. Sempre imaginei o filme da minha vida assim. Cry baby e em fade out. Sempre imaginei os espectadores chorando (óbvio). Mas eu ria. Ria. Ria baixo, claro. Um sorriso dançante. Como quem diz: eu sabia! Você é uma tragédia, dona. Tudo é sufoco. Sufoco sem filtro. Girl, cry baby. Mas, maybe, maybe, maybe, tomorrow (təˈmôrō) always die. Aleluia, my friends. Viva Janis. Viva sem sufoco. Senão sufocas. Sacas?