COZINHAR é a arte de preparar o Amor
“Um homem se conquista pelo estômago”, é o que diz o ditado. Quase sempre utilizado quando uma mulher pretende conquistar um homem. Atualmente isso parece não estar funcionando muito; em tempos de fast-food, o amor também virou um prato rápido, que se come com pressa e logo se mata a fome.
E agora as opções são infinitas, você escolhe em um aplicativo e recebe no conforto da sua casa, sem sujeira, sem prato pra lavar, sem gastar com água e gáz.
Com isso, não dá pra entender porquê os fogões hoje são tão tecnológicos, os mais modernos são os que utilizam a chama por indução, cheios de luxo, e já se tornaram verdadeiros sonhos de consumo expostos nas melhores revistas de casa & cozinha gourmet.
Mas esta claro que não são todas as pessoas que adoram fast-food: isso talvez explique o enorme sucesso dos realitys de gastronomia. Os amantes da boa comida são como alquimistas inventando cheiros, sabores e misturas mágicas.
Minha tese é que, quando você ama, tem prazer em preparar o alimento do ser amado; quando esse amor já está esfriando, a cozinha fica triste e as pessoas se afastam.
A preguiça faz alguém deixar de ter prazer em oferecer um alimento delicioso para alguém que ama.
A preguiça faz alguém deixar de fazer sexo.
A preguiça também te faz uma pessoa desleixada, que já não se importa em agradar ao outro.
A preguiça faz você não sair de casa, você não tem mais vontade de sair de mãos dadas e viver a vida.
A preguiça é uma expressão da baixa auto-estima, você já não se importa com você mesmo.
Ou seja, a preguiça é um pecado capital que mata as famílias que ainda acreditam no amor.
O amor então é aquela panela velha que você deixa lá, embaixo da pia, esquecida e suja.
Mas para não deixar esse texto com tanta preguiça, quero dizer que existe um novo sabor na vida... você pode experimentar um mundo novo quando resolve aprender a cozinhar, a misturar ingredientes e oferecer pratos deliciosos para quem você admira ou deseja.
Na cozinha você vive uma terapia de auto conhecimento e amor próprio, quando decide que não vai deixar de criar a sua receita apenas pelo fato de ter uma pia cheia de louças no final.
Não é a sujeira das tintas que desestimula a arte do pintor. Aliás, é aquela bela mistura de tintas que inspira os melhores pintores.
E, por se multiplicar a iniqüidade, o amor de muitos esfriará.
Mateus 24:12
Dario Reys