RELATOS DO FINAL DE SEMANA
Final de um domingo e todo mundo tem história pra contar do final de semana: um churrasco animado, um almoço com a família, um passeio com os amigos, a devassa que desceu quadrado, alguém que passou da conta na tequila e deixou o rolê ainda mais aleatório, alguém que deu prejuízo no rodízio de pizza por comer demais, alguém que virou a noite e que quase morreu de ressaca, o apaixonado que dormiu com a morena, o cara que viajou pra encontrar os amigos em outra cidade, as moças de serviço noturno que ganharam um pouco mais que o de costume, os netinhos que ganharam presentes da vovó e carinho do vovô, a lasanha do jantar de sábado que queimou e o jeitinho brasileiro pra fazer um quebra galho pra compensar, alguém que levou a cerveja barata pro rolê e queria beber da melhor que o parça comprou, a mina que mandou ver no pagode, o boêmio com o coração quebrado que deu PT na mesa do boteco e todas as outras variantes que oferecem um sábado e um domingo.
Normalmente, esses dias são animados lá do lado lá fora, porque da porta da entrada para cá, nada acontece. A minha história do final de semana sempre destoa e resume a porta batida, meia luz, uma ou algumas taças de vinho, dormir o dia inteiro mesclando com solidão. Cada um se completa da maneira que lhe é possível. Eu, no entanto, já não me faz mais falta ser um ser completo. Há tantos pedaços de mim perdidos pela cidade que talvez já não seja mais possível juntá-los e vou continuar passando os sábados e domingos olhando pela janela a vida acontecendo depois a minha porta trancada.