Clube da Luta II

Parte #11

A Dilma em seu último pronunciamento leu Maiakovski, poeta russo. Não sei se vi ou sonhei. Os olhos estão deixando de ver. Medo. Deve ser o jejum para abrir o corpo. As embalagens dizem: porções grátis. Escritos em vermelho. Vermelho deve ser a cor de destaque. Já fui um trabalhador. Já tive um nome para zelar. Já participei de grupos de autoajuda. Li o “clube da luta”, de Chuck Palahniuk. No clube da luta você não tem nome e não é os seus problemas. Você não é sua idade. Nem suas esperanças. Você não será salvo. Anoto num papel algumas palavras:

Nome, idade, tamanho, peso.

Nada disso é você.

Ninguém grita para desviar do invisível.

Tudo acaba como também falta.

Como quem fala.

Como quem cala.

Como quem mata.

Acendo um cigarro. Apago. Faço flexões. Duas. Coloco a cara no chão. O azulejo me abraça. Perdi o folego. Rastejo até o lixo. Tenho um nome: Gregor Samsa. Levanto. Procuro um papel e caneta. Assino meu nome. Gregor. Samsa. Gregor. Samsa. Escrevo até acabar o espaço. Queria ser Maiakovski ou Palahniuk. Será que não sou a Dilma? Tenho pena da Dilma. Dilma, a Vana, Rousseff. Vana. Gostei. Sou Vana. Abro o Google. A numerologia grátis do nome Vana afirma: número da sorte - 292. Escrevo no fundo da gaveta dos talheres e facas: Vana.