HÁ 84 ANOS APAGOU-SE O LAMPIÃO E ACENDEU-SE A LENDA, O MITO.
HÁ 84 ANOS APAGOU-SE O LAMPIÃO E ACENDEU-SE A LENDA, O MITO. 28 DE JULHO DE 1938
Na História, na Memória e no imaginário popular.
Lampião tomba em Angico, Poço Redondo, como tombaram Cristo em Jerusalém, Júlio Cézar em Roma e Manoel Bequimão no Maranhão: Um delator, o traidor, esse será sempre uma pessoa próxima da vitima, conhece seus passos e seus negócios, difícil de evitar. A cena final ocorre no município de Piranhas e o ápice na Grota do Angico. Além da questão dos queijos, muitos fatos carecem de explicação. Em plena vigência do Estado Novo, a lei é modificada para permitir a livre movimentação de forças policiais, as chamadas volantes nas barrancas do São Francisco, notadamente entre os Estados de Alagoas e Sergipe e tira a invulnerabilidade das terras dos coronéis latifundiários, na perseguição ao nome mais importante da cultura nordestina, o Capitão Virgulino. O que ocorre em Angico na manhã de 28 de Julho de 1938 não é um combate, uma batalha, é um massacre, são assassina
tia, praticamente não houve reação e muitos estavam ainda deitados, praticamente não houve resistência.E não houve rendição por que não houve
voz de prisão, como seria de praxe. Hoje, à luz do Estado de Direito Democrático, o Ministério Público indiciaria todos os Volantes que participaram por crime ediondo. Todos estariam presos, inclusive o Aspirante, o Sargento e o Tenente. E sem farda. Se assassinaram e roubaram seus pertences, dinheiro, ouro e joias (o botim). Um verdadeiro latrocínio. Vamos ver com outro olhar, uma equipe de policiais do município de Piranhas, surpreende um grupo de criminosos sem dar voz de prisão, matam todos e cortam suas cabeças, levam-nas ou apresentam ao delegado, vão todos presos, processados e exonerados, inclusive o delegado. Respingaria até no Palácio do Catete, antecipando a crise de 1945 e a de 1954 vivida pelo Governo Vargas. Ou Angico foi uma farsa, pior ainda. Aqui não passamos as mãos nos crimes e responsabilidades de capitão Virgulino, UM HOMEM DO SEU TEMPO e seu grupo, mas também o Estado como instituição politica não pode fazer justiça com as próprias mãos, um crime não pode justificar outro crime, ainda mais se o ente federado tem o dever de evitar. Aonde não tem lei ou aonde ela não é aplicada adequadamente, gera violência que se agrava pelas condições econômicas, politicas e sociais desfavoráveis.
A violência do Capitão não justifica a violência do Poder de Policia, personalizados nas Volantes e em seus comandantes e a ilegalidade dos atos, em alguns casos, se levarmos em consideração o Estado Democrático de Direito. Morre (morre?) o homem, fica o Mito, a Lenda. O Capitão Virgulino sai de cena, entra na História, fica na eternidade. O nome mais biografado do Brasil e o segundo da América Latina. Ele e Ela, a Maria Deia.