Dos Deveres do Homem; uma Visão social de Mazzini
Tema – Filosofia e Política
Giuseppe Mazzini nasceu na cidade italiana de Gênova, foi um defensor ferrenho a unidade italiana. Permeou sempre pela luta popular com um viés democrático e republicano, renegando a utilização da violência, priorizando sempre a juventude. As ideias de Mazzini nos convidam a refletir sobre o Mundo atual nas questões políticas e sociais.
Na obra de Mazzini há indubitavelmente quatro pilares sedimentadores e que são a base da sociedade: Deus, Humanidade, Pátria e Família. Entretanto nesta abordagem ater-nos-emos às questões concernentes aos deveres do indivíduo enquanto agente social compositor de uma sociedade.
Falar de deveres em uma sociedade opressora, competitiva e egoísta, soa aos nossos vis ouvidos como um verdadeiro escárnio. Somos vítimas da violência, da pesada tributação, a (in)justiça, enfim uma série de mazelas nos acometem quase que diariamente. As Revoluções populares que “libertaram” a humanidade, as teorias sociais, nos falam uma uníssona e monóloga língua; os direitos da pessoa. As escolas de pensamento nos ensinam dogmaticamente que; nascemos para sermos livres e felizes; e que nossos direitos sejam assegurados a todo o custo; um mundo perfeito e utópico; como utópicas são as teorias populistas e rasas. Evidentemente que, esta luta é benquista e necessária, as conquistas democráticas e republicanas, melhoraram o bem estar social do homem, isto é fato. Mas problemas sociais ainda solapam a humanidade. E ainda mais, teorias sociais de igualdade, colocadas em prática em governos de países, colheram frutos catastróficos e reduziram o povo a uma massa vã de manobra e submissão, contribuindo para a redução e supressão de liberdades, além da marginalização social do povo.
A resposta para estes aspectos acima colocados, é deveras clara e objetiva, para quem enseja penetrar profundamente no âmago da questão toda. Os homens e mulheres (nós, eu e você), somos criaturas que agimos instintivamente e de acordo com os princípios educacionais que nos foram dados. E portanto os homens que promoveram e promovem as revoluções e teorizações que conquistaram indubitavelmente as liberdades individuais, sociais, econômicas..., fundaram todo o edifício em torno do indivíduo como ser UNO.
Mas pergunta-se, de que servem todos estes belos direitos conquistados a duras penas, numa labuta de contornos hercúleos, se não há meios de exercê-los? Todos estes direitos tornaram-se um pesado fardo, algo que é digno de fadiga, um mundo fantasioso e desprovido de sentido. De que adianta a liberdade garantida de escolha dos chefes do Executivo e membros do Legislativo em todas as esferas, se o povo não tem as condições mínimas de preparo educacional e discernimento para o fazer? E quando o (s) próprio (s) postulante (s) ao (s) cargo (s), não tem preparo mínimo e pior, são desprovidos de valores morais e éticos para o exercer? Estas questões colocadas como um quadro medonho e ilustrativo, estendem-se para os demais campos da liberdade. Porém nós como seres pensantes e vendo-nos impotentes perante um status quo já estabelecido, voltamo-nos para o ego interior, e tratamos de cuidar do próprio direito, do melhoramento da própria condição, elevamos o grau de individualidade e verdadeiramente ignoramos o próximo, ele não é nosso problema, terceirizamo-lo para o monstruoso Estado.
A teoria da felicidade e do pleno encantamento, da auto-realização, torna-nos egoístas e materialistas, incapazes de promover uma transformação social profunda e benéfica. Urde pois, educar os homens, para libertarem-se da arapuca materialista que nós mesmos nos colocamos. Evidentemente que não se pode abnegar das benesses materiais e necessárias à vida, a economia e a própria manutenção do sistema em que estamos inseridos, mas promover uma reflexão, um retorno aos preceitos de humanidade, amor e empatia por exemplo. A capacidade de nos vermos e agirmos como parte importante de um grandioso e intrincado sistema, e de que somos seres, únicos sim, mas imensamente pequeninos ante o Cosmo impávido e desafiador.
E o nosso importante e imperioso senso de dever, parte primeiramente da necessidade de fazer-nos melhores, está sim a finalidade da vida com certeza. Procurar como dever, não apenas nos satisfazermos materialmente, buscando saciar a volúpia e o poder, desta forma tornamo-nos em igual par aos tiranos que apregoam a distribuição de renda, a liberdade e igualdade entre os seus súditos pobremente submissos, mas, na verdade, mergulham a pátria na ignorância educacional completa e falência econômica. Um campo fértil para a criação de zumbis intelectuais que apenas repetem uma mesma nota; são os analfabetos funcionais. Devemos procurar como fim o aprimoramento pessoal, pensar no próximo na sociedade na sua totalidade, este é um varonil dever, libertarmo-nos das ideias retrógradas e tirânicas de buscar apenas vantagens pessoais e materiais.
Fonte: Pensadores Italianos – Giuseppe Mazzini