QUANDO SE ENCONTRA A ILUSÃO

Este ensaio, é uma conexão com o excelente texto (Quando se perde a ilusão) do nosso brilhante Escritor e colega do Recanto das Letras, Antônio Souza.

O melhor aproveitamento da vida, nas respectivas faixas etárias, depende da evolução pessoal, e do seu desenvolvimento proporcional a cada uma dessas etapas. Privilegiados, são aqueles que conseguem acelerar essa proporção, antecipando a apreensão dos conhecimentos, e melhor ainda se houver a mescla com a sabedoria. Ocorrendo essa progressão antecipada, e chegando a velhice, esta é bem recebida, com os agradecimentos por chegar a essa etapa, mesmo com a descoberta que toda a vida é uma corrida atrás do vento, e que ela, a vida. em si mesma, é uma grande ilusão, ou um filme, com o propósito pré-estabelecido de separar o joio do trigo, onde curiosamente, uma exacerbada progressão na antecipação evolutiva, tem um preço a pagar: a solidão, o que nos faz lembrar de Fernão Capelo Gaivota, (livro de Richard Bach) que voava sozinho a grandes alturas, inalcançáveis pelo bando de que se separara.

Esse preço se explica, porque uma progressão acelerada da evolução, é um fenômeno que se torna tanto mais raro, quanto maior for a progressão da evolução, e quanto maior for a progressão da evolução, menor será o número daqueles que poderão compreendê-la, o que produz o paradoxo da compreensão com a incompreensão, e como resultado, a solidão.

Quanto à ilusão, na verdade nós não a perdemos jamais, pois estamos cercados por ela por todos os lados, e fazemos parte dela, e elas fazem também parte do eterno Mundo das Ideias de Platão, e as ideias se representam no Mundo dos Sentidos, num círculo vicioso entre a sua instauração, dissolução e renovação, ad perpetuam.

Como o Mundo dos Sentidos está sob sucessivas mudanças, tudo o que se encontra está presente nessas mudanças, inclusive nós, e tudo compreendido na inexorável percepção de Lavoisier: (Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma), e esta percepção vale para a Geração Cósmica do Terceiro Princípio inteira, (o Mundo dos Sentidos), conforme percebeu o maior Teósofo de todos os tempos, o sapateiro alemão Jacob Boehme.

Como o imutável e eterno Mundo das Ideias, se manifesta no rodízio de mutações do Mundo dos Sentidos, significa que as ilusões e as desilusões estão contidas nesse rodízio permanente, onde estão intrinsecamente inseridas, conforme se pode observar a seguir.

O que foi, isso é o que há de ser, e o que se fez, isso se tornará a fazer; de modo que nada há novo debaixo do sol. Há alguma coisa de que se possa dizer: Vê, isto é novo? Já foi nos séculos passados, que foram antes de nós. Já não há lembranças das coisas que precederam; e das coisas que hão de ser, também delas não haverá lembrança, nos que hão de vir depois. O que é já foi; e o que há de ser, também já foi. (Eclesiastes 1:9,10,11 e 3:15)

Na busca dos conhecimentos mais profundos, que certamente em algum momento resultarão finalmente na fusão, ainda que parcial, da racionalidade com a espiritualidade, sempre participaram os Cientistas da Natureza (Físicos, Astrônomos, Astrofísicos), e do outro lado, nas Ciências Humanas (Filósofos e Teólogos), com rejeições mútuas, revezando-se em conceitos que jamais permitiram que fossem estabelecidas conclusões finais e irrefutáveis, mesmo porque sempre surgirá um avatar de Godel para dar a volta por fora e elaborar um Teorema da Incompletude, para tentar neutralizar eventuais supostas ou efetivas conclusões definitivas.

Talvez esse tenha sido o caminho percorrido pelo matemático Kurt Gödel, que em 1931, através do seu Teorema da Incompletude, provou que dentro de qualquer sistema formal de axiomas, como a matemática atual, sempre persistem questões que não podem ser provadas nem refutadas, com base nos axiomas que defendem o sistema. Gödel mostrou que certos problemas não podem ser solucionados por nenhum conjunto de regras ou procedimentos. O Teorema de Gödel fixou limites fundamentais para a matemática, o que foi um grande choque para a comunidade científica, pois derrubou a crença generalizada de que a matemática era um sistema coerente e completo, baseado em um único fundamento lógico. Essa limitação para a matemática, em conjunto com o Princípio da Incerteza de Werner Heisenberg, que não combina com a Teoria da Relatividade, e ainda a total impossibilidade prática de desvendar retroativamente a evolução, estabelecem um conjunto fundamental de limitação ao conhecimento científico, que perdura no tempo, para desespero dos Cientistas.

O Cientista americano Robert Jastrow (1925-2008), astrofísico teórico, que trabalhou para a Nasa, na declaração abaixo transcrita, diz em outras palavras, que os cientistas sempre chegam atrasados em relação aos teólogos, na busca pelo mistério da criação.

Ele disse: “Neste momento parece que a ciência nunca será capaz de erguer a cortina acerca do mistério da criação. Para o cientista que viveu pela sua fé na força da razão, a história encerra como um sonho ruim. Ele escalou as montanhas da ignorância, vê-se prestes a conquistar o pico mais alto; à medida que se puxa a rocha final, é saudado por um bando de teólogos que estiveram sentados ali durante séculos”.

Em Mateus 10:26 está escrito que “nada há encoberto que não venha a ser revelado, nem escondido que não venha a ser conhecido”, e isto já aconteceu há 397 anos atrás, mas os mistérios não foram revelados aos Teólogos e nem aos Filósofos, tampouco aos Cientistas da Natureza, mas sim ao Sapateiro alemão Jacob Boehme (1575-1624), que assim transformou-se em Teósofo, participante da Theosophia, a Mãe de todas as Ciências, e assim confirmando 1 Coríntios 1:26 a 29, por onde Deus escolhe aqueles que nada são, para reduzir a nada os que são, para que nenhum mortal se glorie na presença de Deus.

Os escritos iniciais de Boehme chegaram ao conhecimento do Escriba, o chefe religioso local, (o “pastor” Gregor Richers) que o perseguiu tenazmente, sendo-lhe imputada a prisão domiciliar, que ele cumpriu resignadamente. Tornou-se um solitário pelo resto da vida, e continua sendo pós-morte, pois até hoje, ninguém conseguiu alcançar a profundidade dos seus escritos. Se alguém se habilita, ei-los:

Obras de Jacob Boehme, em português:

A aurora nascente / A sabedoria divina /A revelação do grande mistério / Os três princípios da essência divina / Quarenta questões sobre a alma / A chave / A encarnação de Jesus Cristo / As confissões / Diálogo entre uma alma iluminada e outra em busca da iluminação / A vida suprassensível / O caminho para o Cristo

Obs. O livro (A Chave) pode ser baixado como pdf na Internet.

Após encontrar a ilusão, que está ao redor de si, e em si mesmo, o desiludido, consciente da ilusão intrínseca e permanente, bate as asas e levanta voo, mas não sabendo a que alturas atingirá. Se encontrar lá em cima, Fernão Capelo Gaivota, logo perceberá que acabou de se tornar mais um solitário, incorporando-se ao grupo de Teólogos que Robert Jastrow viu, (eu diria Teósofos) sentados lá no pico da montanha. Oxalá sejamos todos solitários, pois assim, juntos, acabaremos com a solidão, mediante a compreensão da estranha linguagem, falada apenas pelos adultos no Espírito. (Hebreus 5:11,12,13,14) (1 Coríntios 2:14,15)

Edgar Alexandroni
Enviado por Edgar Alexandroni em 26/06/2021
Código do texto: T7287005
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