CAVALO DE PEDRA (ensaio)

CAVALO DE PEDRA

Pelas escadarias do palácio

O sol já adormecera

Jogado pelos degraus

Como um adolescente

As estátuas sonhavam

Um sono leve de sábio

Quando ao sopro do vento fascinado

Acordam com cara de loucas

Mescladas ao aroma do passado

Agora semi-acordadas

Só se acalmam pela sombra

Que os caminhos arborizados dão

Porque os lagos, esses

Em cujo fundo se refestelava o céu azul

Brilhavam como olhares

E contavam toda a verdade

Como a brisa que se desprendia

Era incenso que perfumava

Alimentado do sol fraco

Que nascia pelos vasos

Repletos de ardor de primavera

E as colunas nobres, graciosas

Coravam como meninas apaixonadas

Que suspiravam despidas

Sob um céu que a tudo assistia

E revelava, segredando

Que de um galope doido

Lançaram as coxas fortes

Em pés de mármore

O cavaleiro-estátua

Que não saía do lugar

Miguel Eduardo Gonçalves

Miguel Eduardo Gonçalves
Enviado por Miguel Eduardo Gonçalves em 17/11/2005
Código do texto: T72843
Classificação de conteúdo: seguro