CAVALO DE PEDRA (ensaio)
CAVALO DE PEDRA
Pelas escadarias do palácio
O sol já adormecera
Jogado pelos degraus
Como um adolescente
As estátuas sonhavam
Um sono leve de sábio
Quando ao sopro do vento fascinado
Acordam com cara de loucas
Mescladas ao aroma do passado
Agora semi-acordadas
Só se acalmam pela sombra
Que os caminhos arborizados dão
Porque os lagos, esses
Em cujo fundo se refestelava o céu azul
Brilhavam como olhares
E contavam toda a verdade
Como a brisa que se desprendia
Era incenso que perfumava
Alimentado do sol fraco
Que nascia pelos vasos
Repletos de ardor de primavera
E as colunas nobres, graciosas
Coravam como meninas apaixonadas
Que suspiravam despidas
Sob um céu que a tudo assistia
E revelava, segredando
Que de um galope doido
Lançaram as coxas fortes
Em pés de mármore
O cavaleiro-estátua
Que não saía do lugar
Miguel Eduardo Gonçalves