EU NÃO QUERO A SABEDORIA DOS ANCIÃOS E DE NINGUÉM!
Você já ouviu alguém dizendo que devemos ter a sabedoria dos anciãos? Você já ouviu alguém dizendo que deseja ter a sabedoria dos anciãos? Que sabedoria é essa? Qual é a sabedoria dos anciãos? Existe uma sabedoria deles? Existe uma sabedoria digna de ser imitada ou buscada? Se alguém sabe qual sabedoria buscar, então isso não é sabedoria, porque está buscando algo fixo, já sabe o que vai encontrar. Quem busca realmente a sabedoria não sabe o que vai encontrar, porque pode mudar muitas percepções e deixar de acreditar em muitas coisas nas quais acreditava. Quem busca verdadeiramente a sabedoria pode mudar de percepção e de atitude a qualquer momento, no momento em que conquista uma compreensão que não tinha antes, pois a vida é fluxo. Quem busca verdadeiramente a sabedoria jamais é o mesmo do dia anterior, mas existem pessoas que dizem que nunca vão mudar. Estas últimas não são sábias, e se permanecerem as mesmas, não serão sábias.
Nenhuma sabedoria merece ser imitada. Nenhuma sabedoria deve ser imitada. Nenhuma imitação é sabedoria. Toda imitação é tolice, escuridão, falta de originalidade, falsidade. Eu nunca tentarei imitar alguém. Não há ninguém digno de ser imitado.
Comentando um texto meu, alguém disse: “Que possamos ter a sabedoria dos anciões, mas a inocência das crianças”. O plural “anciões” é correto. As formas “anciães” e “anciãos” também são corretas. Mas eu não quero a sabedoria dos anciãos e de ninguém! Além disso, é IMpossível ter a sabedoria de outra pessoa. Você pode ter mais ou pode ter menos sabedoria do que outra pessoa, mas nunca a mesma sabedoria de alguém.
O filósofo teísta e sábio Sócrates já dizia que não se pode transferir a sabedoria de uma pessoa para outra. Osho também dizia isso. Todos os sábios diziam e dizem isso. Podemos transmitir conhecimento, mas não a sabedoria. Não confunda conhecimento com sabedoria. A sabedoria necessita de conhecimentos, mas a sabedoria vai muito além. É inquestionável que eu tenho conhecimentos, mas a sabedoria é algo muito além do conhecimento. Conhecimento é informação.
Eu tenho uma sabedoria, que é a sabedoria de reconhecer que sei muito pouco, e que, enquanto eu estiver neste mundo, nunca deixarei de buscá-la. Tenho também a sabedoria de ser feliz aqui e agora. Eu conheço o segredo da minha felicidade. Eu sei o que me deixa triste ou mal psicologicamente e sei como sair da tristeza e do mal-estar psicológico. Encontrei a chave da minha mente. Se o meu Criador me der sempre saúde, eu sempre serei feliz.
Nenhum jovem é sábio, pois ainda não viveu e não leu o suficiente para sê-lo. Mas existem milhares ou milhões de anciãos que não são sábios. Alguns anciãos aconselharam a minha mãe a me tirar da escola e me colocar para trabalhar na roça, no trabalho de agricultura. De acordo com um deles, “filho de pobre não se forma, e, se se formar, não encontra emprego”. Foi isso o que um ancião disse à minha mãe. Esse ancião estava muito longe de ser sábio.
Muitos anciãos são frustrados, ranzinzas, mal-humorados, dogmáticos, inflexíveis, infelizes. Existem pessoas que podem viver duzentos anos, mas nunca serão sábias. Houve um ator brasileiro que já era ancião, teve uma carreira de sucesso, conhecido pelo Brasil inteiro, não estava passando fome, não estava doente, mas suicidou-se em 2020. Esse ancião não era sábio. Mas há muitos anciãos que são sábios.
Lao-Tsé foi sábio. Buda foi sábio. Epicteto, Epicuro, Krishnamurti, esses também foram sábios. Osho não chegou a ser ancião, apesar da barba lhe dar um aspecto de idoso (rs), mas foi um grande sábio. André Comte-Sponville, Edgar Morin, Desmond Tutu, Matthieu Ricard e Thich Nhat Hanh, idosos ainda vivos em 2021, também são sábios. Mas não devemos querer a sabedoria de ninguém, por mais que o admiremos. Admiro muito Lao-Tsé, seu nível é muito profundo, sua sabedoria admirável, mas eu sou um ser único. Lao-Tsé pode me ensinar muito. Admiro muito Sócrates. Sempre me lembro de sua sabedoria, quando estou lendo ou não. Mas eu não serei um Sócrates, apesar de aprender com ele. Não devo ser um imitador de ninguém, e jamais o serei.
A sabedoria nunca chega a um ponto a partir do qual nada se há para aprender. Quem se considera sábio não o é. Nenhum jovem é sábio, mas existem anciãos que estão muito longe de serem sábios. A sabedoria depende de experiência, muito estudo, inteligência, observação. Mas a sabedoria não depende de curso superior e há muitas pessoas com doutorado que não são sábias.
Eu, Domingos Ivan Barbosa, concluo este ensaio que produzi e escrevi em Pastos Bons/MA, no dia 6 (seis) de junho de 2021. Eu o concluo com um trecho do livro “Filosofia e Ética”, da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, organizadores Aloísio Ruedell, Luís Alles, Maciel Antoninho Vieira et al.: “A Filosofia não se define pela sabedoria absoluta, pois não representa a fixidez de um caminho que chegou a seu fim... A sabedoria não se conquista como coisa que se quis e que agora poderia ser mantida e manipulada indefinidamente, pois quando se para de querer saber, não se sabe mais. Quando pretensamente se alcança o saber, não se sabe mais”. Ou seja, a sabedoria é um caminho infinito, nunca um ponto estático ou fixo.
Eu, Domingos Ivan Barbosa, expresso, aqui e agora, o meu respeito a todos os idosos, a todos os anciãos, pois eu, se o meu Criador me permitir, se me conceder esse privilégio, serei um ancião. Desejo ser um ancião saudável e sábio. Desejo sair deste mundo, após os cem anos de idade, pronunciado palavras de amor à vida, palavras de sabedoria. Desejo sair com serenidade. Eu tenho amigos anciãos, o meu pai foi ancião, a minha mãe é anciã e eu tive um amigo ancião que me admirava e que também teve a minha admiração. A vida é bela e amável!