Os Valores da Existência Humana
A natureza no mundo antecede a milhões de anos a existência recente dos seres humanos. As florestas, os rios, os mares, as montanhas e os animais de várias espécies diferentes já existiam aqui, preenchendo todo o espaço terrestre antes dos primeiros ancestrais dos homens surgirem. Nada ficou desocupado esperando ansiosamente a chegada dos hominídeos errantes que percorriam as savanas africanas em busca de alimento. A natureza tratava de ocupar todos os espaços vazios com fauna, flora e as paisagens naturais formando um ecossistema vivo que nunca cessava de evoluir. Por muito tempo o planeta viveu pacificamente sem a presença de nenhuma espécie racional que a ocupasse. Até que há 200 mil anos atrás os seres humanos modernos chegaram ao nosso planeta vindo da evolução de outro hominídeo mais primitivo do que eles. Espalhando-se por todos os continentes os humanos conseguiram se adaptar a toda forma de clima e ambiente no mundo de maneira formidável. Formando famílias, depois clãs, depois comunidades, cidades e finalmente países. Conseguimos ser a espécie de mais sucesso que já passou pela Terra, pois nos adaptamos e a modificamos para criar espaços que possa garantir nosso conforto, que hoje chamamos de cidades.
Criamos um mundo só nosso para que possamos satisfazer todas necessidades materiais e sociais, e as cidades são um belo exemplo dessa realidade construída. Porém muita coisa existe no mundo somente por que o homem existe? Ou era algo já construído ou feito? O que me refiro neste texto são as construções sociais e emocionais que criamos. Será que a ideia de justiça, só existe por que criamos um ideal de justiça que pode ser alcançada? O amor é algo que só garante a proteção dos filhos pelos pais como um mecanismo eficiente para proteger os indivíduos das próximas gerações ou é um chamariz atrativo para garantir a nossa perpetuação como espécie através do sexo? O sucesso é a medida que todos querem alcançar por que alguém falou que isso lhe traria felicidade? E a felicidade o que é, senão a satisfação de nossos desejos mais carnais e primitivos que liberam todos os hormônios prazerosos em nossos cérebros? E por fim o dinheiro, aqueles pedaços de papéis coloridos que nos ensinam que aquilo tem um grande valor e através dele nós conquistamos tudo aquilo do que precisamos: posses, riquezas, conforto, alegria, status e qualidade de vida. Essas mesmas notas de papéis que em si não existem nada de valor (diferente do ouro por sua durabilidade, sua cor dourada e sua raridade). Mas as instituições do mundo inteiro dizem que tem valor, então quem sou eu para questionar esse ideal coletivo? E através das mais variadas atividades tentamos conquistar esse “suado” pedaço de papel que vai me trazer a satisfação de todas as nossas necessidades. Como muitas outras coisas construídas pelo o humano como: a amizade, a devoção, a honra, a inveja, o ódio, esperança e a ética. Todos são construtos humanos que nos fazem de nós espécies distintas de outros seres.
Porém uma coisa indaga dentro dos meandros de minha mente. Será que se não houvesse os humanos, existiria todos esses valores? Será que o Criador, ou seja, lá quem nos criou, teria os mesmos valores e sentimentos que nós temos? Ou eles foram passados por uma entidade maior que do que nós mesmos? Ou eles seriam superiores a tudo que crermos e damos valor e não se importassem com nossas vontades? Se os humanos vivessem de modo isolado teria também os mesmos sentimentos e valores? Ou só existem valores e regras por que vivemos em sociedade? Dúvidas e mais dúvidas que surgem em minha mente e questiona se a natureza precisaria de seres capazes de criar valores sociais e humanos tão complexos e ao mesmo tempo ser tão irresponsável junto ao cuidado do mundo natural. Creio eu dentro de minha convicção que a natureza vai eternamente se renovar, dependendo ou não da vontade humana. No entanto os seres humanos serão eternamente dependentes do que a natureza proporciona. E nunca chegaremos à conclusão de que tudo que damos valores foi inventado por nós ou é algo inato de nossa condição humano.
Davi Freitas - 31/05/2021