O AMOR CORTÊS : O IMAGINÁRIO
O Amor Cortês, é uma relação de vassalagem afetiva. Faz sofrer, aprimora, mas fragiliza,
erotiza mas idealiza, educa mas enlouquece, submete mas enobrece. Idealiza uma mulher sempre casada,o que simula o adultério. A Dama, a Senhora, o
cavaleiro. Emoções e
resultados os mais contraditórios harmonizam-se no seu seio, nas vidas intensas dos
trovadores, nos seus poemas apaixonados. Em todo o caso, proclama a autonomia
dos sentimentos face à racionalidade medida pelo saber erudito, face à religiosidade
controlada pela Igreja na sua forma ortodoxa, face aos poderes e micropoderes
exercidos pela família e pela sociedade para conservar o indivíduo sob o jugo de
seus imperativos principais. A seu modo, o Amor Cortês representa uma revolução
nos modos de pensar e de sentir, e não deixa de empreender uma velada crítica aos
padrões repressores de seu tempo. Uma revolução imaginária, a bem dizer, pois se
alguns trovadores a viveram de maneira concreta e intensa, a maioria dos homens
e mulheres apenas a vivenciaram de forma lúdica e no mundo da imaginação.
José D'Assunção Barros