Sem sentimentos não há vida
Sem sentimentos não há vida
Luiz Alberto Silveira
Para quem acredita e necessita de amor, que propaga o amor
que o mundo necessita e que consegue perceber poesia no
viver e tem energia para resistir, escrevi este texto.
É necessário que haja sorrisos para entremear choros, que haja
um braço estendido indicando caminhos, um olhar carinhoso
que traga conforto e proteja.
É necessário que haja um abraço apertado que envolva, que
traga emoção e transforme dois em um só corpo, um só pensamento.
É necessário que haja beleza, perfume, um toque de saudade,
uma lembrança que insista e provoque devaneios, um aperto no
peito que leve ao passado e faça sentir os sonhos acalentados.
É necessário um pouco de solidão, um fi car só, não dizer nada,
só viver o momento e viajar no tempo.
É necessário tornar a ser criança e balbuciar ingenuidades, ser
adulto e viver verdades que neutralizem os males do mundo e
joguem no tempo e na ação a esperança do futuro.
É necessário que a dor e a alegria de viver sejam sempre belos,
ainda que a dor, por ser dor, insista em durar e o belo, por ser
belo, insista em terminar, pois nada acaba quando marca e tudo
deixa rastros quando o espírito lapida-se.
É necessário, de repente, sentir que existem amanhãs, que o
inesperado acontece, que o esperado pode não surgir e frustrar o
medo.
É necessário sentir que da vontade surge a força e a coragem,
que do desejo surge a ação e do caminhar surgem momentos que
mudam tempos de afl ição.
É necessário que os rostos não sejam só os nossos, nos surpreendam
com sorrisos e que tenham o rubor de quem confessa
amor.
É necessário que haja um ser que não queria ser, que aconteceu
e ficou, que partiu mas sempre restou, que não foi embora
porque sempre esteve e que acalenta os momentos que nunca se
perderam.
É necessário um basta que surpreenda, um ouça e escute, um
olhe e veja, estou aqui e nem tudo que pergunto exige resposta,
apenas mostra que estou perto, que estou junto, que desejo lutar,
que espero toques suaves que signifi quem o amor que preciso,
além do corpo, dos desejos e arrepios.
É necessário sentir o amor.
O amor esperado, o amor encontrado, o amor de todos os dias
que permita aconchegos e acelere o coração e dê prazer inquietante,
produza elevada sensação...
Que ilumine sombras, desfaça tramas e desnude mistérios.
Que venha e não parta.
Que insista.
É necessário, sobretudo, conhecer no amor o encanto da simplicidade,
uma verdade sem reservas que, mesmo não sereno,
possa ter uma cumplicidade que sobreviva a todos os tempos.