Vada a bordo, cazzo!
Essa pandemia revelou que o nosso transatlântico está sob o comando de vários capitães Schettino. Francesco Schettino, ex-capitão, abandonou o navio Costa Concordia, depois do naufrágio causado por ele. Por que eu comparo nossos governantes ao pseudocomandante italiano? Porque as atitudes foram tomadas com covardia e de acordo com o padrão de vida deles. Salve-se quem puder!
João Doria, governador de São Paulo e líder do conluio que jogou milhões de pessoas na pobreza, mora nos Jardins, região nobre da capital paulista. O famigerado lockdown, de tão errado, causou apenas efeitos colaterais, aglomerou pobres. Atividades essenciais: empregada doméstica, porteiro, motoboy e quaisquer outras indispensáveis para manter “as elite” assistindo streaming, recebendo comida delivery, trabalhando no home office, gravando lives e estudando à distância.
O grande impacto dessa doença foi democrático, pois atingiu desde a classe Z até a A. O que virá depois é o paraíso dos monopolistas. Após a quebradeira, grandes conglomerados encontrarão, em meio à terra devastada, grandes pechinchas entre terrenos, imóveis prontos e pequenos negócios. Quem tiver algum capital reabrirá.
Muitos sindicatos estão adorando, nunca houve uma greve geral com adesão sequer parecida. Com o beneplácito global do princípio humanitário de “salvar vidas”, os sindicalistas desejam que tudo permaneça como está: fechado.
A Língua Portuguesa nos ensina o verbo imperativo, uma ordem: FIQUE em casa. A propaganda difunde a linguagem conativa: #Fiqueemcasa, parecido com a estratégia do “Beba Coca-cola”.
O coronavírus é invisível, entretanto tornou visível a covardia, a pusilanimidade de homens de geleia. A falta de liderança só traz uma certeza: se o navio afundar, salve-se quem puder. Ano que vem, o desastre da covid-19 será o grande assunto das eleições. Todos os candidatos se apresentarão como o governante ideal, mas a realidade diz: se o navio começar a naufragar, eles serão os primeiros a abandoná-lo.
Estamos assistindo uma corrida macabra, fingindo ser a atitude altruísta para “salvar vidas”. O que realmente está ocorrendo é uma disputa eleitoral antecipada. O vírus é o pau-de-sebo com dinheiro e poder. Cada momento, proporcionado pelo vírus, é explorado como uma peça publicitária.
Metaforicamente, cada político está fazendo de tudo para o Corinthians, ou Flamengo, cair para a Segunda Divisão, para depois se apresentar como o técnico salvador da pátria. É a tática do “quanto pior, melhor”.