As Portas da Mente e os Oito Espíritos Imundos

Este ensaio é parte da minha análise da Bíblia Sagrada Cristã, tradução de João Ferreira de Almeida. Fiz para relembrar dos antigos tempos no templo, das aulas sobre espiritualidade e exorcismo. Aproveitem:

*

* *

As portas da mente e da alma estão em nós e são responsáveis por nossos desejos. Protejam suas portas (olhos) para que não recebam "visitas ruins" de pensamentos passageiros malignos ou destrutivos, pois basta transgredir algum dos Dez Mandamentos (vide livro de Êxodo, capítulo 20 e 21 do Velho Testamento) e os demônios ou espíritos imundos percebem e tentam invadir nossas vidas com testes e tentações até a nossa Queda.

Existem demônios e espíritos imundos de todos os tipos. Os mais sutis tentam parecer sociáveis como a Inveja (cobiça), Gula, Lascívia e a Preguiça e até passam desapercebido por seus hospedeiros. Porém há outros piores como a Mentira (falso testemunho e calúnia) e a Avareza (principalmente no trabalhar sem descansar, juntar ambiciosamente, mesquinhez e indiferença) cujas ações podem causar maior dano social atraindo os demônios da Ira (que potencializa a violência e o homicídio) e da Covardia (que potencializa o crime planejado). Cada porta aberta gera uma situação, tal qual Cristo comentou ao exorcizar o endemoniado no livro de Lucas capítulo 11 versos 24-26:

24 “Quando um espírito imundo sai de um homem, passa por lugares áridos procurando descanso, e, não o encontrando, diz: ‘Voltarei para a casa de onde saí’.

25 Quando chega, encontra a casa varrida e em ordem.

26 Então vai e traz outros sete espíritos piores do que ele, e entrando passam a viver ali. E o estado final daquele homem torna-se pior do que o primeiro”.

Após exorcizado, o espírito imundo sai, porém, não esquece a localização anterior de onde estava. Depois de um tempo, retorna para tentar, trazendo mais outros sete espíritos imundos. E tentam abrir as portas na mente dos alvos novamente, induzindo a achar que "é tudo normal". Porém, ao cair em tentação novamente e ceder ás tentações, os alvos poderão ter que conviver com outros espíritos imundos além do que foi expulso.

Nesta lógica, os oito, o que saiu e voltou mais os sete, lançarão novas vozes na mente do hospedeiro e poderão confundir os pensamentos dele(a) com intuito de: alterar a índole, a integridade, desajustar a consciência, além de causar maledicências às pessoas ao redor.

Até os mais prudentes e íntegros de nós podem estar suscetíveis ás quedas e tentações provocadas por espíritos imundos. Nos trechos a seguir, descreveremos de forma breve os tipos de espíritos imundos tentadores que podem causar o fracasso espiritual e até mesmo a morte:

Tipo I - A Gula

Descendente dos devoradores, uma classe de demônios de consumo exagerado, a gula gera uma fome desenfreada e insaciável que atormenta aos que não controlam seus apetites. Consumir por consumir. Comer por comer. Comer e não saciar-se. Consumir sem vontade de parar.

Um consumismo frequente e viciante. Muito difícil de combater que causa doenças vasculares, digestivas, e em alguns casos até obesidade. Não é brincadeira! A Gula pode ser responsável pelo uso de drogas e entorpecentes também, pois o descontrole ao uso de substâncias psicoativas pode ocasionar os mais tristes quadros humanos que já tivemos conhecimento. Os viciados são uma variação da voracidade e do poder deste demônio quando tentam a qualquer custo consumir a droga desejada. A ruína de quem não tem controle do próprio apetite pode levar à morte física, automutilação e outros problemas sociais. Drogas, se não controladas e administradas como remédios (fármacos) causam os danos mais deploráveis. Tanto vícios em álcool quanto em medicação podem ser irreversíveis e muitas vezes estão atrelados ao descontrole do consumo.

Tipo II - A Inveja

A Inveja ou Cobiça. A forma mais clássica de estabelecer comparações que causam sofrimento e desejos sobre o que é de outrem. O que o olho vê e deseja, acaba por amaldiçoar o que é de outrem, muitas vezes desejando para si sem esforço. Tem um poder terrível de tornar o que é do outro, pior. É uma magia negativa de força e mentalização. Pode potencializar nefastos sentimentos e permitir os demônios do furto e roubo manifestarem. A inveja pode parecer inofensiva, mas seus danos são irreversíveis. Nunca abra essa porta. Aprender a ser grato pelo que temos é o melhor remédio.

Tipo III - A Luxúria

A Luxúria ou Lascívia. As redes sociais pulverizam seus efeitos para atrair nossas atenções enquanto liquidam reputações e relacionamentos a um simples clique. O culto ao corpo, o estímulo descontrolado do prazer desenfreadamente desencadeia o apego pela libidinagem até causar uma escravidão ao prazer. Não há jejum. Não há limites. Não há consciência. Apenas o desejo de possuir o corpo perfeito e juntar-se orgasticamente aos desejos mais promíscuos da mente, como se estivéssemos numa espécie de "olimpíadas do orgasmo", onde eliminamos e descartamos pessoas como se fossem inúteis ou inservíveis. Com a cultura pop ( músicas, filmes, vídeos virais das redes sociais) essa entidade tem sido uma das mais prósperas. Atua contra o matrimônio, contra a harmonia familiar, contra a ética das pessoas e das organizações. É constantemente confundida com a beleza, mas afeta profundamente quem se deixa levar por seu apelo tentador.... Muitos tem fracassado em resistir os domínios da sedução da Lascívia.

Tipo IV - A Mentira

A Mentira, Falso Testemunho, ou simplesmente a Calúnia. Essa é a mais ardilosa das entidades. Lidera as demais. Destrói reputações e vidas em sociedade numa velocidade impressionante. Atua nas vizinhanças, escolas, comércios e prestações de serviços, nas igrejas, nas redes sociais. Parece ser a desculpa perfeita. Dissemina o cyberbullying, o cancelamento, o apedrejamento social. São responsáveis pela incitação ao crime, pela enganação, pela desmedida e inconsequente vontade de adulterar e subverter os fatos para obter os resultados esperados. Ajustam outras entidades a atuarem contra a vida social. São o pano de fundo dos crimes mais hediondos. Motivam eleições políticas e despotismos. Alteram a ordem das coisas. Alteram os fatos e a verdade, trazendo o inferno nas relações interpessoais. Todo mentiroso carrega consigo os rastros das tragédias sociais aos outros. Quando é surpreendido na prática da mentira, têm como consequência disso a anulação da reputação, e fica passível de maledicências externas. Nenhum mentiroso vive feliz consigo, pois usa a mentira como desculpas e incentivos tortuosos. Além disso, "o Diabo é o pai da Mentira"! O que o mentiroso vem a herdar não é nada bom.

Tipo V - O Roubo

O Roubo ou Furto. Subalterno da Inveja, consuma o ato de apropriar-se de algo que é de outrem. Quando age na mente humana faz o desejo de "ter" ser intensificado, impulsionando os instintos mais selvagens, trazendo a tona o comportamento de "tomar o que é de outrem para si afim de obter as vantagens". Pode ser visto no mundo animal selvagem, onde cada espécie quer o melhor para si, dispondo-se a tomar o que é de outrem, incluindo a vida. É realmente um mal terrível e assustador. Pode minar nossa capacidade de solidariedade e empatia ampliando nosso egocentrismo. Pode incitar a Ira, e consequentemente o homicídio. Atua em disputa com a Avareza e recebe influência da Preguiça.

Tipo VI - A Avareza

Avareza. O sentimento de não partilhar os bens ou de acumular desenfreadamente, de maneira egoísta, tem desconstruído pilares e valores da sociedade atual. Pessoas cujas vidas são marcadas por trabalho incessante, acumulação, egoísmo, indiferença e que param de solidarizar-se com outras pessoas de menor capacidade financeira, abrindo portas para maledicência e inveja. O ato orgulhoso de não ceder, não doar, não ter compaixão, é a motivação de muitas guerras, disputas sociais, conflitos étnicos e até mesmo de desumanizações. Por anos a História do Mundo foi marcada por disputas territoriais entre líderes aristocratas expansionistas cujos sentimentos de indiferença foram marcados pelas disputas sangrentas por territórios com acessos ao mar e a recursos hídricos. Os homens cuja orientação moral é estritamente econômica, colocam em cheque a harmonia e valores primários de solidariedade, impulsionando a Ira, o homicídio, o latrocínio, o despotismo e consequentemente: a vingança. Não vale a pena ser avarento, pois perde-se tudo pelo material. Precisamos de existir, sem escravagismos, sem abusos egoístas e materialistas. Precisamos aprender a ver Deus no próximo e julgar menos, tendo mais compaixão, ao ponto de alcançarmos a compaixão divina em momento oportuno. Só alcançaremos a misericórdia e o perdão, se perdoarmos e se tivermos misericórdia.

Podemos dizer, que numa comparação simples, que a Idolatria é uma espécie de avareza. Um terrível espírito a adentrar no corpo de um homem que pode causar apegos exagerados a pessoas, estátuas, coisas e bens, e até a própria autoimagem nas redes sociais. A idolatria nos coloca na condição imbecil de desprezar a Deus e a amar as coisas mundanas acima do próprio Criador, o que pode tornar-nos relativistas defensores de culto a demônios. A idolatria manifesta-se pela adoração ao que é material, físico e terreno e desprezo a espiritualidade genuína com uso de meditação, oração, jejum e salmos ou louvores. Os idólatras querem para si a imagem de pessoas as quais consideram importantes e impecáveis, o que por si só já é uma mentira. Não há ninguém perfeito além de Deus. Todos somos criaturas fadadas a errar. Portanto, não abra sua porta para essas entidades e suas tentações.

Tipo VII – A Ira

A Ira. Se a Mentira é filha do Diabo, a Ira é a a mãe da destruição. Tudo que foi citado aqui, gera, em última instância os efeitos e frutos da Ira. É o pior e mais desajustado espírito a nos tentar. Alguns defenderão seu valor artístico na indústria do cinema, para fins recreativos, mas a Ira não é uma entidade suportável. É deplorável. Causa em nós o pior sentimento: tirar a vida do próximo ou subtrair-lhe a dignidade com humilhação, ainda que com uso da violência, gerando a destruição de famílias e laços interpessoais e até a Morte, em muitos dos casos. Além disso, pode causar desajustes ecológicos quando impulsionada pela ambição e pela compulsividade. Guerras inexplicáveis. Assassinatos em série. Gastos com armamentos. Tudo pela forma mais rápida de resposta. A Ira é a pior entidade a ser escolhida. É consequentemente o atalho para autodestruição ou autossabotagem.

Tipo VIII - A Preguiça

Preguiça. O sentimento negativo de não desejar fazer e consequentemente, não evoluir. Não lutar para melhorar. Não se dedicar a algo que torne possível a dignidade humana. Não executar com dedicação o que se faz por alguma remuneração é lamentavelmente o mais odiável dos demônios. Não se trata de uma doença física, mas pode colocar em prostração muitas pessoas de boa reputação pelo simples fato de impedir que caminhemos adiante. Pode adormecer nossos talentos e habilidades. Pode causar a miséria, pois o trabalho dignifica o homem, porém a preguiça arruína tudo que se conquistou e o que poderia ser conquistado. É realmente muito nociva além de causar a redução da esperança, inércia, má vontade, depressão, ansiedade e em alguns casos até suicídios.

Considerações Finais:

Não permitam que tais espíritos se apropriem de suas mentes. Não deixemos que nossos olhos emitam as trevas que provêm da atuação de tais tentações e espíritos aqui anunciados. Feche a porta. Não deixe esses oito entrarem! Peço ao Misericordioso Deus que não permita venhamos a cair em tentação, mas que nos livre de todo o Mal. Dele é o Universo e tudo que nele há. Vamos alertar nossos conhecidos a evitar aberturas que provoquem danos e atraiam qualquer um destes oito. O que aprendemos gratuitamente, de graça repassamos.

*

* *

Glaussim
Enviado por Glaussim em 21/04/2021
Reeditado em 29/11/2023
Código do texto: T7237579
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.