Meu amigo keynesiano - A falácia do espantalho

Chico:

Tudo certo?

Keynesiano

Ótimo! Comprei um carro!

Chico

Conseguiu um emprego novo?

Keynesiano

Não! Peguei um empréstimo!

Chico

Sugiro que você economize, ao menos até conseguir um novo emprego….

Keynesiano

Nada! Meço meu bem estar pelos meus gastos. Bora jantar fora? Eu pago!

FALÁCIA DO ESPANTALHO

A falácia do espantalho consiste em apresentar uma tese (que será criticada) de maneira caricatural, de modo que ela é facilmente criticada. A falácia se dá ou porque o que está sendo criticado no espantalho não está presente na teoria original ou porque a teoria original tem algo que a imunizaria a tal crítica. Ou seja, a falácia do espantalho consiste em apresentar uma crítica que não se aplicaria à tese original.

RECORRER À VERDADE É IMPOSSÍVEL

A dificuldade em se verificar se uma crítica (seja através de metáforas ou não) é pertinente é que não temos acesso à Verdade, necessariamente recorremos ao pensamento (formalizado em teorias ou não) para aferir a pertinência da crítica.

RECORRENDO AO KEYNESIANISMO

Primeiro vamos avaliar segundo o arcabouço teórico ortodoxo (o que prevalece nas universidades e nos bancos centrais). Por esta perspetica aquilo que se aplica a pessoas físicas não se aplica a Estados. Uma pessoa precisa ter seus gastos alinhados à sua receita e gastar mais do que arrecada levará eventualmente à falência. Entretanto - para os keynesianos - o mesmo raciocínio não se aplica a um Estado. Um país pode gastar mais do que arrecada consistentemente e continuar crescendo (como mostra o caso do Japão, dos EUA, da Austrália). Inclusive o gasto do Estado impulsiona o crescimento, pois ao gastar dentro do território, negócios são criados, pessoas são contratadas e a economia gira mais rapidamente, o espírito animal do empreendedor é despertado. Desta maneira, para os keynesianos, esta metáfora é um espantalho.

RECORRENDO À ESCOLA AUSTRÍACA

Segundo os austríacos os preços são informação, quando são decididos através do mercado correspondem à leitura que cada empreendedor faz das circunstâncias pelas quais está passando. Através da informação (preços) toda pessoa decide sua ação, seja quem cuida da casa decidindo por comprar um produto de limpeza, seja um trabalhador decidindo onde aplicar seu patrimônio (para criar sua aposentadoria), seja um empresário decidindo o quanto investir. O Estado, quando gasta mais do que arrecada, distorce todos os preços e, embora possa trazer benefícios no curto prazo, distorce o sistema de informações a partir do qual todas as decisões econômicas são tomadas. Pela perspectiva austríaca a metáfora não padece da falácia do Espantalho, pois, da mesma maneira que uma pessoa física sofre consequências ruins pelo seu déficit, também a sociedade colhe resultados ruins pelo déficit do Estado.

E para você, esta metáfora é uma falácia do espantalho?

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