A visão ética da Idade Média e Renascimento, em Santo Agostinho e Pico Della Mirandola

A consciência moral proposta pelo filósofo cristão Santo Agostinho - Agostinho de Hipona (354-430 d.C.) - está ligado diretamente à separação do homem pecador de Deus supremo, e essa conexão se fará através da graça divina. Santo Agostinho propõe para sua teoria filosófica uma releitura de Platão, e cria o conceito de livre-arbítrio com três conceitos-chave. O autor estabelece: o Mal físico, por meio de doenças, pragas; o Mal metafísico, cometido por limitações da condição humana, e o Mal moral, fruto do mal de nossas escolhas erradas.

Desta forma, o homem tem consciência sobre seus atos e escolhas, porém essas escolhas devem aproximar o homem de Deus. Portanto, para exercer o bem, o homem tem duas condições: a graças de Deus e o livre-arbítrio. Sem graça não há o bem; sem o livre-arbítrio não seria possível à escolha do bem. Assim, Deus da à graça e a possibilidade de o homem ser bom, através de ações pautadas na escolha da fé.

Por outro lado, o pensamento filosófico do Renascimento tem estabelecido outros parâmetros éticos e morais do ser humano. O homem é definido como meio de equilíbrio de todas as coisas. Com essa visão, para o brilhante jovem renascentista Pico Della Mirandola (1463-1494), o homem, na criação divina e sua queda pelo pecado, tem adquirido dignidade através do exercício do livre-arbítrio. Portanto, para esse pensador, deveria ser estabelecida uma nova ordem na fé cristã, a qual deveria dar maior expoente na capacidade intelectualista do homem. Neste sentido e sem negar a fé, existe maior diferença entre a Ética da Idade Média, na qual o ser ético este totalmente alinhado ao ser divino, aos dogmas, com o que é colocado na visão renascentista. Na visão de Pico Della Mirandola, a liberdade do homem, com o poder de escolha, estabeleceu-se maior independência do homem ao poder religioso.

O tema proposto neste ensaio se encontra diretamente ligado aos preceitos filosóficos e morais da Idade Média (V e XV) e ao período do Renascimento cultural, século XIV e o fim do século XVI. Abordaremos duas charges THAVES, Bob. Frank & Ernest, e Calvin e Haroldo: e foi assim que tudo começou, em que são discutidos: a consciência moral e autonomia para deliberação.

Na primeira tirinha em que um interlocutor perguntou ao outro se este segue sua consciência moral, e obtendo como resposta: Não...meu senso moral tem um seletor de chamadas...podemos dizer, dentre outras possibilidades, que a voz da consciência cede lugar às variadas possibilidades de escolhas e liberdades do homem renascentista.

Na segunda tirinha, em há questionamentos sobre a crença no destino e na predestinação da vida humana, há também uma satirização sobre a condição humana colocar por Deus. Isto é, na visão cristão-medieval o homem teve seu destino já determinado por Deus e só a graças deve mudar isso. Dessa maneira, o cristianismo medieval pressupõe que o erro é parte da natureza humana em decorrência do caráter imperfeito da própria vontade humana. E para resolver esse problema, a Filosofia Medieval recorreu à fé como resposta central: Deus, em sua misericórdia, prometeu dar a redenção aos homens por meio de Cristo, para salvá-los de sua condição maculada.

Por fim, tais reflexões sobre Ética e Moral no período Medieval e Renascimento, colocam-se como ponto de inflexão de um novo momento de ordem e de pensamento filosófico, com as visões focadas no homem neste período de transição. Esse novo olhar deve seguir de pano de fundo para as mudanças mais profundas com o advento do Iluminismo.

Por Manoel Serafim, prof. de Filosofia e Letras

Academia de Ciências, Letras e Artes Capistrano de Abreu

ManoelSerafimSilva
Enviado por ManoelSerafimSilva em 12/04/2021
Reeditado em 23/06/2021
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