A ÉTICA, O BURRO E O CHULO
O meu presente pensamento surge dum fato público ocorrido na mídia onde um substantivo de forte teor figurativo /pejorativo foi usado como adjetivo para qualificar uma opinião sobre uma determinada situação "política" vigente.
Então, fui ao dicionário para entender a semântica, a denotação e a conotação das três palavras do meu título.
Segundo o HOUAISS: o substantivo ÉTICA é "a parte da filosofia responsável pela investigação dos princípios que motivam, distorcem, disciplinam ou orientam o comportamento humano".
Complementando:
Primeiramente digo que, em tese, ÉTICA, a palavra de acepção mais difícil de se entender e de se exercitar na prática dos nossos dias, nada tem a derivar do ser BURRO...mas talvez se assuste com o ser CHULO.
Aqui me refiro ao substantivo SER de "existência" para não ser antiética nem com o burro, tampouco com o chulo.
Simplesmente porque mais que um entendimento linguístico concreto, ÉTICA, a meu ver, é o exercício abstrato da qualidade dum "estado de espírito".
Explicando melhor o meu sentimento: a Ética nunca é figurativa.
É identidade literal. É gênica . Não se aprende. É para quem nasce com ela. Ou se tem...ou não se tem. É pétrea.
É o comportamento que define o ser. É a gentileza, a empatia que traduz o perfume. É o que deflagra o incômodo frente a tudo que fere o respeito...e a lealdade individual ou coletiva.
Ética salta aos olhos, ao nariz e à alma.
Há quem já escreveu na filosofia: "´ética é a estética de dentro"...do que deduzo: como o mundo está inestético!
Outros a definem como a "VIGILANTE DA MORAL".
Como falta senso vigilante...
Portanto, sobre ética, concluo que se trata duma beleza de caráter do que não se vê por fora...mas imediatamente se enxerga por dentro.
É como uma abstrata grandeza imensurável.
E o BURRO?- vamos lá, segundo o HOUAISS: Aprendi muito sobre esse vocábulo ali no dicionário, visto que tem ele várias descrições semânticas. Seguem as mais conhecidas.
1 Rubrica: mastozoologia.
m.q. jumento ('designação comum', Equus asinus)
2 Rubrica: zootecnia. Regionalismo: Brasil.
animal híbrido, estéril, produto do cruzamento do cavalo com a jumenta, ou da égua com o jumento; besta, macho, mu, muar, mulo
9.Derivação: sentido figurado. Uso: pejorativo.
que ou aquele que é falto de inteligência; estúpido, tolo
...e nas telas aprendi que pode ser empregado como deselegante metonímia!
Deduzo que, depois do dicionário, não há muito a se falar mal dos burros, porque são o produto duma amorosa e singela experiência gênica da Natureza. É do amor...sem fronteiras.
Mas...bem diferentes dos AÉTICOS, eles não fazem mal a ninguém.
Talvez se a gente lhes explicar com a delicadeza e educação dos professores, o tudo sobre o todo...eles entendam a própria versão da sua ingenuidade no seu sentido mais útil. São seres dóceis, não são agressivos.
No sentido figurado e pejorativo, os "burros", por serem deficitários de cognição reverenciável (o que em alguns lugares e situações é uma dádiva!) seguem pela vida sem nunca entenderem o que é "ser burro de carga" enquanto muitos dos tidos como inteligentes sobrevoam e cantam como cigarras todas as tragédias que podem gerar lucros e dividendos. Até chegar os tempos das vacas magras...para todos. Daí os aéticos, para sobreviverem sem pose, vão ter que se esforçar para aprender o principal até com os burros. Todos nessa vida podem nos ensinar algo, inclusive...
O CHULO! Onde entraria ele no meu ensaio por ele inspirado?
Antes, ao dicionário!!
Do HOUAISS:
ACEPÇÃO : adjetivo
1que não é digno, elevado; grosseiro, rude
Exs.: modos c.
gente c.
2. Derivação: por extensão de sentido.
de baixo calão; grosseiro, obsceno
Ex.: palavra c.
3. Derivação: por extensão de sentido.
relativo a chula ('dança'); chuleiro
Ex.: música c.
4. Derivação: por extensão de sentido. Diacronismo: antigo.
que se amancebou (diz-se de homem); barregão
Vejam a beleza da língua! Fiquei assustada com a pequenez desse adjetivo! Nada de grande nele. Que judiação.
O burro, sem saber pode até ser chulo! Quando inadvertidamente for usado como pejorativa metonímia!!! Coitado! Tá desculpado.
E o chulo também pode, além das suas tantas outras acepções diminutivas... ser burro por ser chulamente aético! Vejam a beleza e a periculosidade da língua!
Essa minha acepção não está no dicionário, mas é a...
Acepção da moda da hora mais burra de que se tem notícias!
Observem! A que "quase" todo mundo aplaude sem pensar. Gera notícias. Gera "futricagem" midiática! Gera audiência! Gera reverência! Gera sensação de sapiência! Gera torcida! Gera identificação dos apequenados egos.
Gera risadinhas doutas dos leigos interlocutores (tipo do personagem Muttley);e também gera dó e perplexidade na audiência ética desavisada.
Ainda bem que tem o "off" do controle remoto...e o "delete" das multitelas.
Eis o filme da hora.
"O AÉTICO...o burro e o chulo".
Traduzindo: A realeza agonizante, o inocente útil e o bobo da corte.
Assim fica mais fácil de se entender o momento.