LIMBO EXISTENCIAL

Hoje eu acordei um tanto quanto estranho... Sei lá, não consigo explicar. A mente embaçada (onde já se viu?), pensamentos desconexos e uma estranha sensação de estar vagando em uma espécie de limbo existencial. Faltava sincronia entre o meu eu material e meu eu mental. Não sabia como ir além da porta que me encarava de frente e me impunha medo. Evitava ir até ela ou olhá-la por muito tempo, quis voltar e me enfiar debaixo das cobertas pelo máximo de tempo que eu conseguisse e só esperar o tempo passar, mas me incomodava na mesma proporção em que me machucava a certeza de que era depois dela que a vida acontecia e isso me fazia tremer.

Consegui pensar um pouco e pude notar que muitas vezes, sem explicação nenhuma, os acontecimentos depois daquela porta rumaram para terrenos estranhos e me soltaram em um lugares aleatórios sem bússola alguma. A vida nunca me tratou como amigo, talvez esteja aí o porquê de eu ser sempre a peça que sobra nos quebra-cabeças.

A noite inteira foi de intenso combate entre entre mim e a insônia que, por tanta frequência, já é quase da família, ela precisa ainda aprender a ter bons modos e a ser menos inconveniente. Ela me venceu de novo, despedaçou meu sono e sentou do meu lado até o chegar do amanhecer; ora por outra aumentava a tortura só pra me lembrar de que nunca fui páreo para ela.

Faz muito tempo que ela não colabora...

Nesta manhã, como haveria de colocar-me sobre meus pés se o embate durante toda a noite levou embora a centelha de vida que ainda havia aqui? Desaprendi a raciocinar desde que essa confusão passara a aturdir minha mente.

Talvez seja hora de parar de insistir e de fingir ter uma força que há muito tempo não existe.